domingo, 9 de maio de 2010

Eduard Limonov - a nova arma secreta do Kremlin

Histórias: O 'Katiagate'

A nova 'arma' secreta do Kremlin

por ALEXANDER OSIPOVICH, jornalista da AFPHoje

Este é um caso de sexo, mentiras e vídeo em que uma jovem anda a tentar os críticos do Governo de Vladimir Putin. A jovem, que se encontra agora em paradeiro desconhecido, foi identificada como modelo e os seus métodos não estão muito longe dos atribuídos à histórica Mata Hari.

A história é digna dos melhores tempos do KGB: uma jovem bela e misteriosa, "Katia", seduziu opositores do Kremlin e filmou secretamente estes encontros para depois difundir as imagens através da Internet, desencadeando uma série de protestos e outros tantos embaraços.

As vítimas de "Katia" caíram numa armadilha que traz à memória os métodos dos serviços especiais soviéticos durante a Guerra Fria, quando o alvo eram os diplomatas ocidentais. Estes, seduzidos por jovens desembaraçadas e despreconceituosas, acabavam por revelar segredos dos respectivos países.

Esta táctica foi agora reconvertida e usada contra os opositores ao Governo do novo homem forte da Rússia, Vladimir Putin, com a finalidade de lhes criar embaraços e diminuir a sua autoridade moral como figuras públicas.

Num vídeo divulgado na passada semana, três figuras da oposição russa surgem em separado com a jovem "Katia", num apartamento em Moscovo, em cenas íntimas filmadas sem o conhecimento daquelas. Duas destas figuras, o humorista liberal Viktor Chenderovitch e um antigo dirigente de extrema-direita, Alexandre Belov, confirmaram serem eles a aparecerem nas imagens.

"Há mais de dez anos que comento as acções de Putin e da sua administração de criminosos (...), nunca negaram nada para agora responderem com obscenidades ilegais", escreveu Belov no seu blogue.

Um terceiro elemento da oposição, Eduard Limonov, o líder do partido nacional-bolchevique, não confirmou se era ou não ele quem aparecia no vídeo, mas este escritor divorciado comentou no seu blogue que "estar na oposição não nos impede de ter relações com mulheres".

As imagens comprometedoras, difundidas com música de fundo, e revelando a presença de várias câmaras no quarto, o que indica premeditação, são "obra de profissionais", comentou Kirill Kabanov, um antigo agente do KGB que trabalha agora num organismo anticorrupção. "É preciso observar o alvo, colocar os seus telefones sob escuta de maneira a entender como utiliza o seu tempo e fazer as coisas de forma que a vítima não se aperceba de nada", explicou ao semanário russo The New Times.

De acordo com Kabanov, é todavia pouco provável que os serviços especiais russos (FSB, o ex-KGB) estejam implicados neste caso. Para o antigo agente do KGB, este "é mais o trabalho de empresas de segurança privadas que possuem os equipamentos técnicos apropriados".

O escândalo da "Katiagate" começou em Março com um vídeo em que surge um homem parecido com o chefe de redacção da edição russa da revista Newsweek, Mikhaïl Fichman, muito crítico face ao poder político, a consumir um pó branco lado a lado com uma morena deslumbrante.

Fichman não confirmou a sua presença no vídeo, reconhecendo contudo ter sido alvo de uma "operação especial" preparada pelas autoridades russas.

Ainda outras duas figuras da oposição russa reconheceram também terem sido alvo de tentativas semelhantes, com a mesma mulher e no mesmo apartamento que aparece no vídeo com Fichman. Ilia Iachine, do movimento de oposição Solidariedade, identificou a jovem como Ekaterina - diminutivo de Katia - Guerassimova, uma manequim com quem teve uma relação em 2008. Actualmente, Katia encontra-se em paradeiro desconhecido.

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