sábado, 25 de fevereiro de 2012

Deus segundo Espinoza

DEUS, segundo ESPINOZA
*
As palavras abaixo são de Baruch Espinoza - nascido em 1632 em Amsterdã,
Países Baixos e falecido em Haia, Países Baixos em 21 de fevereiro de 1677,
foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada
Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz.

Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo
bíblico moderno. Acredite, essas palavras foram ditas em pleno Século XVII.

*DEUS SEGUNDO SPINOZA ( Deus falando com você )*

Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que
saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te
divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu
mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está
nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde
Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau
em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade
fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual
podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes
por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos,
nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em
mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem
me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi
de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de
incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo
que eu pus em ti?

Livro destaca a democratização brasileira nos anos 80

Livro destaca a importância dos anos de 1980 para a democratização do Brasil


Débora Motta
Reprodução

Livro analisa a contribuição política
dos movimentos sociais nos anos 1980
Os anos de 1980 entraram para a história recente do Brasil como “a década perdida”, em alusão à crise econômica que foi um entrave ao desenvolvimento do País na época. Políticas recessivas, arrochos salariais, desemprego e o fantasma da inflação eram fatores que reduziam o poder de compra do brasileiro e contribuíam para acelerar o processo de concentração de renda. Mas a década conhecida por esses desafios é pouco lembrada como aquela em que a revitalização política contribuiu definitivamente para a transição e consolidação do regime democrático. Essa é a perspectiva discutida no livro História de uma década quase perdida – PT, CUT, crise e democracia no Brasil: 1979-1989, do historiador Gelsom Rozentino de Almeida.
“A década de 1980 não foi perdida porque nela ocorreram lutas políticas fundamentais para a conquista de liberdades e direitos. Ela abrange os últimos anos da ditadura militar, com o general presidente João Figueiredo; a transição conservadora com a eleição indireta de Tancredo Neves, que morreu antes de assumir; e, logo em seguida, a posse de José Sarney. A década fecha com a primeira eleição direta de um presidente após a abertura política, Fernando Collor, em 1989”, resume o autor. Na obra – publicada com recursos do programa de Apoio à Editoração (APQ 3), da FAPERJ, pela editora Garamond –, Rozentino oferece uma abordagem pouco explorada no campo historiográfico. “A maior parte da produção acadêmica sobre a contribuição política dos anos 1980 era de cientistas políticos e sociais, não de historiadores”, conta.
Tempo de mudanças
Para o historiador, que escreveu o livro a partir da pesquisa realizada para sua tese de doutorado, defendida na Universidade Federal Fluminense (UFF), a década de 1980 foi marcada pelo protagonismo da sociedade civil, apesar de ter sido problemática do ponto de vista econômico. “Não podemos esquecer que nesse período intensificaram-se um sem-número de debates, campanhas e propostas promovidos pela classe trabalhadora, por meio do movimento sindical e dos movimentos sociais, como as associações de moradores e os movimentos negro e indígena, além de uma rica diversidade de organizações não-governamentais”, contextualiza Rozentino.
Segundo o pesquisador, três agentes políticos que despontaram na época podem ser considerados a base do processo de redemocratização que marcou os anos 1980: o Partido dos Trabalhadores (PT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). “O processo de democratização e organização da sociedade brasileira a partir da ação desses três agentes e a sua relação com o Estado é o eixo central proposto para o livro”, destaca.
Primeiro partido político surgido da classe operária, ainda durante a ditadura militar, o Partido dos Trabalhadores foi, de acordo com o autor, a principal articulação política da época para a retomada da democracia no País. "Diferente de um partido tradicional, o PT era um bloco político contrahegemônico aos interesses das classes dominantes. Sua proposta inicial era ser um partido das massas, que apontava para o socialismo, mesmo sem ter definido como esse deveria ser. Mesmo com a derrocada do socialismo, com a queda do Muro de Berlim, em 1989, o PT ganhava força no País naquele ano com a participação de Lula na campanha presidencial, perdida por pouco para Collor", explica. "Neste sentido, considero a eleição presidencial de 1989 um momento crucial para a história do Brasil, com dois grandes projetos em disputa: um, democrático-popular, representado por Lula; outro, neoliberal, representado por Collor. Esta vitória deu início a uma reconfiguração política – acentuada após o impeachment – e a hegemonia do capital financeiro", pondera.
A força de mobilização da Central Única dos Trabalhadores, acentuada nas diversas greves gerais que eclodiram ao longo dos anos 1980, é outro ponto destacado na obra. Para Rozentino, a criação da CUT, em 1983, é um desdobramento do “novo sindicalismo”, um movimento sindical marcado pela concentração de trabalhadores de setores de ponta da economia da época, como a indústria automobilística, a metalomecânica e a siderúrgica, no ABC paulista. “A CUT, em sua origem, criticava a estrutura sindical oficial e buscava representar outros movimentos sociais, além do sindical, desempenhando papel vital na organização da classe trabalhadora”, avalia.
Já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra completou o tripé da luta pela redemocratização. “O MST foi responsável, nos anos 1980, por fazer com que a bandeira da reforma agrária fosse levantada como uma questão estratégica para o desenvolvimento nacional, para além dos interesses dos sem-terra”, ressalta o pesquisador. Para Rozentino, a atuação dos três agentes políticos era complementar: “Os anos 80 representaram um período de grandes ganhos políticos para os trabalhadores, com o aprendizado das lutas sociais que garantiram a transição da ditadura militar para a democracia”, conclui.



© FAPERJ – Todas as matérias poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte.


sábado, 18 de fevereiro de 2012

O Irã desafia a Golem

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, recebeu em audiência particular o revisionista francês Robert Faurisson. “O Irã está orgulhoso de ter quebrado o tabu ocidental sobre o holocausto.”
É graças ao professor Robert Faurisson que pelo menos um país neste mundo percebeu que o grande satanás não pode ser vencido com armas nucleares, mas sim com aquele único superarmamento chamado verdade. Dr. Goebbels já sabia disto. Em grandes demonstrações daquela época, nos ginásios apareciam faixas com os dizeres: “O judeu vence com a mentira e morre com a verdade”.
Apesar de não concordarmos com essa generalização, ela se aplica esplendidamente àquelas organizações sionistas que instigam o ódio entre os povos e não permitem que o mundo viva em paz – NR.
O atual sistema mundial da mentira não é mais homogêneo, graças a Deus, pois as novas potências mundiais possibilitaram isso. Já em 2005, quando o presidente Mahmoud Ahmadinejad desvendou pela primeira vez o relato do holocausto como mentiroso, os inimigos da humanidade conseguiram convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU. Israel e seus vassalos ocidentais exigiram que o Irã fosse condenado por questionar o holocausto. Rússia e China vetaram. Eles apenas consentiram numa advertência para que palavras como “Israel deve desaparecer do mapa” não fossem mais pronunciados.
Os mentirosos mundiais falsificaram este pronunciamento do presidente iraniano, retirando-o do contexto. A grande mídia alemã foi obrigada a admitir o engodo e não mais publica a famigerada frase. Já onde reina a ignorância… – NR.

Presidente Ahmadinejad encontra o professor Robert Faurisson
Isto foi o início da derrocada da maior mentira da história da humanidade. Na sequência, o terrorista Estado mentiroso ameaça constantemente atacar o Irã. Naturalmente os covardes israelenses nunca ousariam tal arriscada empreitada. Eles esperam que seu cão de guardas, os EUA, execute para eles o extermínio. Mas isso também parece não funcionar. O almirante William (Fox) Fallon se recusou em 2008 a seguir as ordens do criminoso de guerra Bush (na época presidente dos EUA) a bombardear o Irã. Aparentemente, a liderança militar atual dos EUA não está inclinada a seguir uma ordem insana de “Obongo” (nome queniano de Obama) e desencadear uma guerra mundial através deste ataque ao Irã.
Sobre este fato, o poder judaico mundial está estrangulado e desmantelado. Sua poção mágica para manutenção do poder mundial, a mentira do holocausto, é ridicularizada pelo Irã diante de seus olhos e cai sob seus pés. Uma aliança bélica para manutenção da mentira não se deixa mais consolidar. O esperto presidente do Irã sabe disso. Em seu notável discurso a 11 de fevereiro de 2012, ou seja, logo após ele ter conversado com o professor Faurisson, ele disse na ocasião do 33º aniversário da Revolução islâmica e diante de centenas de milhares de pessoas entusiasmadas (e outras milhões assistiram o discurso pela TV):
“O regime sionista é a fonte de todos os problemas mundiais e o Irã está orgulhoso, como único país, de possuir a coragem e a sabedoria de ter quebrado o tabu ocidental sobre o holocausto”. (stern.de, 11/02/2012)
O Presidente Ahmadinejad acolheu a proposta de luta do professor Faurisson em vencer o mal do mundo com a verdade. Por que o presidente Ahmadinejad caracterizou como “sabedoria” a quebra do tabu em torno do holocausto? Por que razão afinal o presidente deveria estar orgulhoso de seu país ter sido o único do mundo, a ter tido a coragem para trazer a público esta verdade?
Temos aqui uma nova dimensão da política mundial. E o que se desenvolve a partir daqui, o presidente Ahmadinejad salienta com as seguintes palavras:
“O Irã escreverá definitivamente a história e mudará o mundo”. (stern.de, 11/02/2012)
National Journal, 12/02/2012.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Triste novela do partido: PSOL-PPS-PSDB juntos nas eleições municipais em Macapá em 2012

PSDB, PPS e PSOL se unem e fecham parceria para as eleições municipais de
Macapá
6/Fevereiro/2012
 
http://www.correaneto.com.br/site/?p=20663
 
As eleições municipais de 2012 começam a ganhar visibilidade por meio de
grandes nomes indicados pelos partidos políticos e de seus
pré-candidatos. Nesta
segunda-feira (06), o deputado estadual Michel JK (PSDB) e Jorge Amanajás
(PSDB) reuniram-se com o deputado Jaci Amanajás , Allan Sales(PPS) e com o
senador Randolfe Rodrigues (PSOL) e Vereador Clécio Luis(PSOL), para
formatar uma aliança com o objetivo de disputar as eleições municipais rumo
a prefeitura de Macapá. O resultado da reunião foi considerado positivo
pelo grupo, já que a parceria foi fechada, e juntos pretendem concorrer a
cadeira da Prefeitura de Macapá.
 
—
Click Assessoria e Comunicação
Contato: Beatriz Barros
 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O neoprogressismo

Carta O Berro.........................................................repassem

'O neoprogressismo pode ter vários anos pela frente'

O jornalista e escritor Ignacio Ramonet diz, em entrevista ao jornal Página/12 que a maioria dos governos da América do Sul cumpre a função dos social-democratas europeus nos anos 50 e que, se não cometerem erros, podem aspirar a um ciclo longo de governo. "A construção do Estado de bem-estar e o aumento do nível de vida acaba com qualquer tipo de recurso para as oposições tradicionais conservadoras. Agora, a população está percebendo como os seus países estão reconstruindo sociedades arrasadas".

Porto Alegre - Nascido em Pontevedra e emigrado com sua família para a França, Ignacio Ramonet dirige o Le Monde Diplomatique em espanhol. Foi um dos animadores do primeiro Fórum em 2001 e é um dos jornalistas que mais percorrem o mundo, observando suas diferentes realidades.

– Sobre o final do Fórum temos direito de perguntar se foi útil e o que mudou com respeito ao primeiro encontro, de 2001.

Ramonet –Quando o fórum foi criado não havia outro governo dos que eu chamo neoprogressistas na América Latina que não fosse o de Hugo Chávez, que inclusive veio ao fórum. No ano seguinte, em 2002, pela primeira vez Chávez se declarou socialista. Também veio Lula quando ainda não era presidente, mas candidato. Agora, ao contrário, os governos neoprogressistas estão implementando as políticas de inclusão social e, ao mesmo tempo, o fórum é menos um fórum dos movimentos sociais. É um fórum no qual se discutiu a crise européia, o movimento dos indignados em geral (os chilenos, Wall Street, etc.) e a questão da memória. A jornada da Flacso na sexta-feira, o dia do Holocausto, foi uma das atividades centrais, organizada pelo Fórum Social Temático e o Fórum Mundial da Educação.

Até agora esses não eram assuntos do fórum. Os indignados são um tema que não tem mais de um ano, e o debate sobre a memória não havia sido proposto dessa maneira. Dominavam o anti-imperialismo e a denúncia das guerras dos Estados Unidos no Iraque ou no Afeganistão. Está se chegando a um nível diferente. Os governos aqui na América do Sul estão agindo bem em seu conjunto. Mas, cuidado, chega uma nova etapa e é preciso melhorar certos aspectos qualitativos.

– O que deveria melhorar na América do Sul?

Ramonet – Não acreditar que esta bonança que se está vivendo vai ser duradoura. Depende do êxito norte-americano e europeu e de se há baixa ou não na economia chinesa que afete a potências agrícolas ou de minérios.

– Um dos pontos é como a América do Sul aproveita sua atual vantagem pelos preços favoráveis dos produtos primários que vende para que outra vez o lucro principal não sejam palácios franceses no meio da pampa úmida.

Ramonet – A economia funciona por ciclos. Na Europa não podemos falar de palácios no meio de nada, mas sim de grandes aeroportos moderníssimos que agora quase não funcionam ou óperas em cidades pequeníssimas. A riqueza passou e nem sempre se sabe aproveitar. Aqui, na América do Sul, a solução é criar mais e mais mercado interno. E mercado interno protegido. E também ampliar os intercâmbios no marco da solidariedade latino-americana. Agora, o mercado latino-americano tem que se articular para que haja massa crítica para todos. Se não, o Brasil se desenvolverá, mas o Uruguai não. Agora que desapareceram 80 milhões de pobres, há uma classe média que consome. O Brasil introduziu o imposto sobre a produção de automóveis frente à China e aumentou essa taxa em 30%. É proteção e é correta.

– Que discussão mundial nova apareceu no Fórum?

Ramonet – Por agora, muitos constataram que, além das diferentes opiniões, a globalização existe. Se existe, há que analisá-la e descobrir como evitar seus inconvenientes. Em escala mundial, em um debate sobre a crise do capitalismo, uma das opiniões foi que havia que pensar talvez em desglobalizar e reduzir a globalização. Não existe só uma crise econômica. Existe uma crise da política, da democracia, uma crise alimentar, ecológica. Muitos países latino-americanos não estão pensando nas outras crises, em particular na ecológica. Boaventura de Souza Santos sublinhou que não é normal que se acuse comunidades indígenas, chamando-as de "terroristas" quando querem proteger o meio ambiente. As realidades vão mudando. O Movimento dos Sem Terra do Brasil, que antes ocupava terras, não o faz porque não as têm. Qualquer pedaço de terra é soja. E como o MST, quando se assenta, realiza produções ecológicas, é recriminado pelo agronegócio.

– A discussão ecológica é chave também porque haverá uma cúpula mundial no Rio de Janeiro em junho.

Ramonet – A precaução ecológica é algo que se lembrou e que, em certa medida, faz com que os governos estejam pensando em fazer as coisas certas. Dilma disse que queria dar casas à população. Parece-me muito bem, realmente muito bem. Mas tenhamos cuidado de não chegar ao pragmatismo chinês, que em nome do desenvolvimento destrói o que se oponha a essa idéia, e terminemos entrando sem necessidade em uma grande contradição.

– Dilma diria: “Está bem, Ignacio, mas eu tenho que governar o Brasil e terminar com a miséria”.

Ramonet – As preocupações ecológica e a social não são excludentes. O Fórum apreciou muito que Dilma tenha decidido vir aqui e não tenha viajado ao Fórum de Davos. Quando Lula veio e disse que depois se dirigiria a Davos, alguém lhe disse: “Não se pode servir a dois senhores de uma vez”. É uma frase bíblica. “Tem que escolher.”

– Talvez Lula necessitasse ir a Davos porque isso também ajudava na consolidação política de seu governo e hoje o Brasil não necessita de Davos.

Ramonet – Claro, as condições mudam. E o fórum deve mudar também. Antes muitos dirigentes ou presidentes vinham aqui se fortalecer. Chávez e Lula, que já citei. Também Evo Morales, Rafael Correa e Fernando Lugo. Para algumas discussões, uma reunião do fórum pode ter hoje um maior sentido na Europa, para discutir ali mesmo a tremenda crise. No próximo ano está previsto que tenha lugar em um país árabe, porque lá os movimentos sociais não só estão se desenvolvendo, mas também conseguiram ganhar em dois países. E há novas discussões, por exemplo, entre movimentos sociais laicos e movimentos sociais islâmicos.

– O que poderia ser discutido na Europa?

Ramonet – Na Europa já há algumas discussões que se produziam na América Latina. Uma é a idéia de que a política está gasta e se necessita uma renovação política. De que o sangue e a vitalidade nova virão dos movimentos sociais. Dessa vitalidade pode surgir uma mudança. Este fórum não teria o mesmo sentido se fosse organizado em Madri, Atenas ou Barcelona, onde há sociedades que sofrem e ao mesmo tempo registram em alguns setores grande vontade de mudança. Na América do Sul, por sorte de vocês, existem situações em que a preocupação é seguir crescendo e como fazê-lo melhor.

– Não há um risco de endeusar os movimentos sociais como fatores de mudança? Se não há construção política, não se diluem?

Ramonet – Sim, é importante ver como se passa de um momento ao outro. Ainda não estamos nessa etapa na Europa, me parece. Ainda não. Ninguém expressa melhor o sofrimento social que o movimento social. Mas se não se dá o passo para a política, todas as grandes crises sempre servem à extrema direita, que aparece sob a forma de movimentos e de partidos anti-sistema. Prometem as mudanças mais radicais, demagógicas, transformacionais. É importante que o sofrimento social se encarne em movimentos que tenham vocação de se envolver na política.

– Por que ainda não acontece esse passo?

Ramonet – Entre outras coisas, em minha opinião, porque faltam líderes. Até o momento, o movimento social inclusive reprova ter líderes. São muito igualitaristas do ponto de vista do funcionamento democrático. É como a doença infantil do movimento social. Em breve chegará o momento da adolescência ou a maturidade, quando seguramente se gerarão líderes. Não líderes salvadores. Falo de dirigentes democráticos que possam entender o movimento social e ajudá-lo a encontrar respostas. Depois da crise do sistema político venezuelano, no final do que se chamou o “puntofijismo”, teria havido mudanças sem Chávez e o que ele representava? E me faço a mesma pergunta com respeito ao Equador e Correa, à Bolívia e Evo, ao Brasil e Lula, à Argentina e Kirchner.

– E como funciona a relação entre os líderes, os movimentos e os partidos nesses países da América do Sul?

Ramonet – Minha percepção é que hoje os partidos têm menos influência que há dez anos e os movimentos sociais também porque os governos estão fazendo tudo. Os líderes dos governos conduzem a mudança. Houve uma energia social que produziu a mudança, mas a mudança está tão encarrilhada que às vezes há uma descapitalização da política que paradoxalmente não incomoda muito.

– Talvez com as construções políticas aconteça o mesmo que com os ciclos econômicos. Talvez devam ou possam ser realizadas antes que o ciclo atual de governos sul-americanos termine.

Ramonet – A função destes governos é muito semelhante a dos governos europeus dos anos 50 que, essencialmente, sendo conservadores ou progressistas, tinham como funções construir o Estado de bem-estar, reconstruir cada país depois da guerra e aumentar o nível de vida da população. Isso lhes deu 40 anos de estabilidade política. Mas terminou. Se os neoprogressistas sul-americanos não cometerem muitos erros, talvez tenham pela frente várias décadas como a social-democracia nórdica. Hoje melhoram estruturas, o nível de vida, criam trabalho. Não é por acaso que são os governos neoprogressistas os que estão trabalhando bem. Assim aconteceu com os velhos partidos social-democratas. Além disso, a construção do Estado de bem-estar e o aumento do nível de vida acaba com qualquer tipo de recurso para as oposições tradicionais conservadoras. Agora a população percebe como os países reconstroem sociedades arrasadas.

As favelas eram pensadas como uma fatalidade. Para a direita, era assim porque é assim. Mas a força da direita desapareceu, e também o elemento militar. As leis da memória são as que devem responsabilizar – sem vingança, com documentos e base histórica sólida – e estabelecer responsabilidades. Não vingar-se, mas terminar com a impunidade. Apesar de que o que vou dizer parece escandaloso, estamos no momento mais fácil da América do Sul. Se não cometerem erros e fizerem uma gestão tranquila, os governos de sinal neoprogressista podem ficar no poder muito tempo. Por isso é preciso pensar bem as sucessões políticas. Na Argentina isso funcionou bem. No Brasil, o que fez Lula foi exemplar. É uma lição. E por isso hoje Dilma tem mais aprovação popular do que Lula tinha em seu primeiro ano de governo.

(*) Ignacio Ramonet é autor, entre outras obras, de "Fidel Castro: biografia a duas vozes" (Boitempo, 2006).

Tradução: Libório Junior