terça-feira, 5 de abril de 2011
Dois artigos sobre a ditadura militar
Leia em História e-História

por Webmaster História e-História

“Exportar a revolução”: Cuba e a luta armada no Brasil, por Rafael Leite Ferreira e Mirthyani da Silva Bezerra.
O objetivo deste texto é refletir sobre a influência da Revolução Cubana, em 1959, no desencadeamento e atuação dos grupos revolucionários, surgidos na América Latina, e no Brasil, a partir da década de 1960. Uma vez que o surgimento de tais movimentos se deu dentro de um contexto muito maior – a Guerra Fria –, optamos por dividir o trabalho em quatro partes. A primeira diz respeito a uma breve análise da política mundial entre as décadas de 1950 e 1960. A segunda parte trata da própria Revolução Cubana, ou melhor, dos motivos que levaram os guerrilheiros a se rebelarem contra o regime do ditador Fulgencio Batista e a optarem pelo socialismo como forma de governo. Confira…
O imaginário anticomunista e o golpe civil-militar de 1964, por Michel Goulart da Silva.
No Brasil, ao longo do século XX, diferentes formas de ideologias conservadoras foram elaboradas e reelaboradas, apresentando na maior parte das vezes o comunismo como um grande e temível inimigo, sempre pronto a pôr fim à “ordem” e ao “progresso” cristão e democrático. No contexto do golpe de 1964, por exemplo, se afirmava que “os vermelhos tinham introduzido toneladas de munição por contrabando, havia guerrilheiros bem adestrados, os escalões inferiores das Forças Armadas estavam infiltrados, planos pormenorizados estavam prontos para a apropriação do poder”. Confira…

por Webmaster História e-História

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O objetivo deste texto é refletir sobre a influência da Revolução Cubana, em 1959, no desencadeamento e atuação dos grupos revolucionários, surgidos na América Latina, e no Brasil, a partir da década de 1960. Uma vez que o surgimento de tais movimentos se deu dentro de um contexto muito maior – a Guerra Fria –, optamos por dividir o trabalho em quatro partes. A primeira diz respeito a uma breve análise da política mundial entre as décadas de 1950 e 1960. A segunda parte trata da própria Revolução Cubana, ou melhor, dos motivos que levaram os guerrilheiros a se rebelarem contra o regime do ditador Fulgencio Batista e a optarem pelo socialismo como forma de governo. Confira…
O imaginário anticomunista e o golpe civil-militar de 1964, por Michel Goulart da Silva.
No Brasil, ao longo do século XX, diferentes formas de ideologias conservadoras foram elaboradas e reelaboradas, apresentando na maior parte das vezes o comunismo como um grande e temível inimigo, sempre pronto a pôr fim à “ordem” e ao “progresso” cristão e democrático. No contexto do golpe de 1964, por exemplo, se afirmava que “os vermelhos tinham introduzido toneladas de munição por contrabando, havia guerrilheiros bem adestrados, os escalões inferiores das Forças Armadas estavam infiltrados, planos pormenorizados estavam prontos para a apropriação do poder”. Confira…
O pensamento primitivo e Stalin como bode expiatório
O pensamento primitivo e Stalin como bode expiatório
Por Domenico Losurdo
Neste artigo Domenico Losurdo responde ao historiador trotskista Jean-Jacques Marie, que publicou recentemente uma resenha do seu livro "Stalin - História crítica de uma lenda negra". O texto se intitulava "O socialismo do Gulag!". O polêmico e instigante livro de Losurdo foi publicado no Brasil pela Editora Revan em 2010

1- Stalin liquidado pelo Relatório secreto, o Relatório secreto liquidado pelos historiadores
Ele começa imediatamente a contestar minha afirmação segundo a qual Kruschev “se propõe derrotar Stalin em todos os aspectos”. Ainda assim, é o grande intelectual trotskista Isaac Deutscher que destaca que o Relatório secreto menciona Stalin como um “enorme, tenebroso, extravagante, degenerado monstro humano”. No entano, esse retrato não é suficientemente monstruoso aos olhos de Marie! O meu livro assim continua: na arguição pronunciada por Kruschev, “por ser responsável por crimes horrendos, era um indivíduo desprezível seja no plano moral seja no plano intelectual.
Além de desumano, o ditador era também risível”. Basta pensar no pormenor sobre o qual se detém Kruschev: “é preciso ter presente que Stalin preparava os seus planos em cima de um mapamundi. Sim, companheiros, ele marcava a linha da frente de batalha sobre o mapamundi” (p. 27-29 da edição francesa). O quadro aqui traçado sobre Stalin é claramente caricatural: como fez para derrotar Hitler a URSS que era dirigida por um líder criminoso e imbecil ao mesmo tempo? E como chegou esse líder criminoso e imbecil ao mesmo tempo a reger pelo “mapamundi” uma batalha épica como aquela de Stalingrado, combatida de bairro a bairro, de rua a rua, de terreno a terreno, de porta a porta? Ao invés de responder a essas contestações, Marie se preocupa em demonstrar que – enquanto maior especialista de “trotskismo-logia” – conhece de memória também o Relatório Kruschev e se põe a citá-lo por toda parte, em aspectos que não têm nada a ver com o problema em discussão!
Como demonstração do fato de essa total aniquilação de Stalin (no plano intelectual além do moral) não subsistir à investigação histórica, chamo a atenção para dois pontos: historiadores eminentes (de nenhum dos quais se pode suspeitar ser filo-stalinista) falam de Stalin como o “maior líder militar do século XX”. E vão ainda além: atribuem-lhe um “talento político excepcional” e o consideram um político “super competente” que salva a nação russa da dizimação e escravização a que é destinada pelo Terceiro Reich, graças não apenas a sua astuta estratégia militar, mas também aos “magistrais” discursos de guerra, por vezes verdadeiros e apropriados “atos de bravura” que, em momentos trágicos e decisivos, chegam a estimular a resistência nacional. E ainda não é tudo: historiadores ardorosamente antistalinistas reconhecem a “perspicácia” com que ele trata a questão nacional no escrito de 1913 e o “efeito positivo” de sua “contribuição” para a linguística (p. 409).
Em segundo lugar, faço notar que já em 1966 Deutscher demonstrava sérias dúvidas sobre a credibilidade do Relatório secreto: “não o considero a ponto de aceitar sem reservas as assim ditas “revelações” de Kruschev, particularmente sua afirmação de na Segunda Guerra Mundial (e na vitória sobre o Terceiro Reich) Stalin apenas ter desempenhado um papel praticamente insignificante” (p. 407). Hoje, à luz de novo material à disposição, não são poucos os estudiosos que acusam Kruschev de ter recorrido à mentira. E, portanto: se Kruschev realiza a aniquilação total de Stalin a historiografia mais recente anula a credibilidade do assim dito Relatório secreto.
De que maneira Marie responde a tudo isso? Resume o ponto de vista não apenas o meu como também o dos autores citados por mim (inclusive o trotskista Deuscher) com o clichê: “Vade retro, Kruschev!”. Ou seja, o grande especialista de “trotskismo-logia” acredita poder exorcizar as dificuldades insuperáveis com que se depara pronunciando duas palavras em latim (eclesiástico)!
Vejamos um segundo exemplo. No início do segundo capítulo (“Os bolcheviques: do conflito ideológico à guerra civil”), eu analiso o conflito que se desenvolve por ocasião da paz de Brest-Litowsky. Bukharin denuncia o “declínio camponês em nosso partido e no poder soviético”; outros bolcheviques se desligam do partido; outros até declaram já desprovido de valor o próprio poder soviético. Em sentido oposto, Lênin expressa sua indignação por essas “palavras esquivas e monstruosas”. Já em seus primeiros meses de vida, a Rússia soviética vê se desenvolver um conflito ideológico de extrema rispidez e a ponto de se transformar em guerra civil.
E tão mais facilmente se transformará em guerra civil – observo em meu livro – já que, com a morte de Lênin, “vem a desaparecer uma indiscutível autoridade”. Antes – acrescento –, segundo um ilustre historiador burguês (Conquest), já naquela ocasião Bukharin havia acalentado a ideia de um golpe de Estado (p. 71). Como Marie responde a tudo isso? Novamente, ele exibe toda a sua erudição de grande, e talvez máximo, especialista de “trotskismo-logia”, mas não faz nenhum esforço para responder às questões que se impõem: se o conflito mortal que sucessivamente aflige o grupo dirigente bolchevista é culpa apenas de Stalin (o pensamento primitivo não pode passar sem o bode expiatório), como explicar a dura troca de acusações que Lênin condena como “monstruosas”, as frases pronunciadas por aqueles que estimulam a “degeneração” do partido comunista e do poder soviético? E como explicar o fato de Robert Conquest – que dedicou toda a sua existência a demonstrar a sordidez de Stalin e dos processos de Moscou – falar de um projeto de golpe de Estado contra Lênin, cultivado ou acalentado por Bukharin?
Não sabendo o que responder, Marie me acusa de manipulador e escreve até que – no que se refere à ideia de golpe de Estado acalentada por Bukharin – eu cito apenas a mim mesmo. Não tenho tempo a perder com insultos. Limito-me a fazer notar que à página 71, nota 137, cito um historiador (Conquest) que não é inferior a Marie nem em erudição nem no zelo antistalinista.
2- De que maneira os trotskistas para Marie insultam Trotsky
Com a morte de Lênin e a consolidação do poder de Stalin, o conflito ideológico se torna cada vez mais uma guerra civil: a dialética de Saturno que, de um modo ou de outro, se manifesta em todas as grandes revoluções, desgraçadamente não poupa nem mesmo os bolcheviques. Desenvolvo essa tese na segunda parte do segundo capítulo, citando uma série de personalidades entre as muitas diferentes (que revelam a existência de um aparato clandestino e militar criado pela oposição) e citando, sobretudo, Trotsky. Sim, Trotsky em pessoa declara que a luta contra “a oligarquia burocrática” stalinista “não comporta solução pacífica”. É sempre ele que declara que “o país se dirige notoriamente em direção à revolução”, em direção a uma guerra civil, e que, “no âmbito de uma guerra civil, o assassinato de alguns opressores não diz respeito mais ao terrorismo individual”, mas é parte integrante da “luta mortal” entre os alinhamentos opostos (p. 104). Como se vê, pelo menos neste caso, o próprio Trotsky coloca em dificuldade a mitologia do bode expiatório.
Compreende-se o embaraço totalmente particular de Marie. E então? Conhecemos já a ostentação de erudição como cortina de fumaça. Vamos à substância. Entre as inúmeras e muito diferentes personalidades por mim citadas, Marie escolhe duas: a uma (Malaparte) considera incompetente, à outra (Feuchtwanger) tacha como agente mercenário a serviço do crime e imbecil que se encontra no Kremlim. E assim o jogo é feito: a guerra civil desaparece e novamente o primitivismo do bode expiatório pode festejar seus êxitos. Mas recusar-se a levar em consideração os argumentos utilizados por um grande intelectual, como Feuchtwanger, para limitar-se a tachá-lo como agente mercenário a serviço do inimigo: geralmente não é esse o modo de proceder considerado “stalinista”? E, sobretudo: o que devemos pensar do testemunho de Trotsky que fala de “guerra civil” e de “luta mortal”? Não é um paradoxo o grande especialista e sumo sacerdote da “trotskismo-logia” constranger ao silêncio a divindade por ele venerada? Sim, mas não é o único paradoxo e nem mesmo o mais ressonante.
Vejamos: Trotsky não apenas compara Stalin a Nicolau II (p. 104) como vai além: no Kremlim se encontra um “provocador a serviço de Hitler”, ou “a marionete de Hitler” (p. 126 e 401). E Trotsky, que se gabava de ter muitos partidários na União Soviética e que, antes, segundo Broué (biógrafo e hagiógrafo de Trotsky), tinha conseguido infiltrar seus “fiéis” até no interior da GPU, não havia feito nada para destruir o poder contrarrevolucionário do novo czar ou do escravo do Terceiro Reich? Marie termina retratando Trotsky como um simples tagarela que se limita a uma basófia verbal de taberna, ou como um revolucionário desprovido de coerência e até medroso e vil. O paradoxo mais gritante é que sou de fato constrangido a defender Trotsky contra alguns de seus apologetas!
Digo “alguns de seus apologetas” pelo fato de nem todos serem tão despreparados como Marie. A propósito da impiedosa “guerra civil” que se desenvolve entre os bolcheviques o meu livro observa: “Estamos diante de uma categoria que constitui o fio condutor da pesquisa de um historiador russo (Rogovin), de firme e declarada fé trotskista, autor de uma obra em vários volumes, dedicada a registrar a reconstrução minuciosa dessa guerra civil. Nela se fala, a propósito da Rússia soviética, de “uma guerra civil preventiva” desencadeada por Stalin contra aqueles que se organizam para derrotá-lo. Também aos de fora da URSS, essa guerra civil se manifesta e em partes arrebenta na frente de combate contra Franco; e, com efeito, em referência à Espanha de 1936-39, se fala não de uma, mas de “duas guerras civis”. Com grande honestidade intelectual e tirando proveito do novo e rico material documentário disponível, graças à abertura dos arquivos russos, o autor aqui citado chega à conclusão: “Os processos de Moscou não foram um crime imotivado e a sangue frio, mas a reação de Stalin ao longo de uma arguta luta política”.
Polemizando com Alexander Soljenítsin, que menciona as vítimas das purgações como um bando de “coelhos”, o historiador trotskista russo cita um folhetinho que nos anos 1930 chamava a varrer do Kremlim “o ditador fascista e sua camarilha”. Depois, comenta: “Mesmo do ponto de vista da legislação russa hoje em vigor esse folhetinho deve ser analisado como um apelo a uma violenta derrocada do poder (mais exatamente do estrato superior dominante)”. Em conclusão, bem longe de ser expressão de “um ataque de violência irracional e insensata”, o sanguinário terror desencadeado por Stalin é, na realidade, o único modo com que ele consegue dobrar a “resistência das verdadeiras forças comunistas” (p. 117-118).
Assim se expressa o historiador trotskista russo. Mas Marie – para não renunciar ao seu primitivismo e à procura de um bode expiatório (Stalin) sobre o qual concentrar todos os pecados do Terror e da União Soviética em seu conjunto – prefere seguir os passos de Soljenítsin e apresentar Trotsky como um “coelho”.
3- Traição ou contradição objetiva? A lição de Hegel
No âmbito do quadro por mim traçado, permanecem firmes os méritos de Stalin: ele compreendeu uma série de pontos essenciais: a nova fase histórica que se abria com a falência da revolução no Ocidente; o período de colonização escravista que ameaçava a Rússia soviética; a urgência de recuperação do atraso em relação ao Ocidente; a necessidade de conquista de ciência e tecnologia mais avançadas e a consciência de que a luta por tal conquista pode ser, em determinadas circunstâncias, um aspecto essencial, e mesmo decisivo, para a luta de classe; a necessidade de coordenar patriotismo e internacionalismo e a compreensão do fato de uma vitoriosa luta de resistência e de libertação nacional (como foi a Grande guerra patriótica) constituir-se na mesma época uma contribuição de primeiríssimo plano à causa internacionalista da luta contra o imperialismo e o capitalismo.
Stalingrado lançou os requisitos para a crise do sistema colonial em escala planetária. O mundo de hoje caracteriza-se por crescentes dificuldades do mesmo neocolonialismo; pela prosperação de países como China e Índia e, mais no geral, da civilização na mesma época subjugada ou humilhada pelo Ocidente; pela crise da doutrina Monroe e pelo esforço de certos países latino-americanos de unir luta contra o imperialismo com a construção de uma sociedade pós-capitalista. Pois bem, este mundo não é presumível sem Stalingrado.
E, no entanto, uma vez dito isso, é possível compreender a tragédia de Trotsky. Depois de ter reconhecido o grande papel por ele desempenhado no curso da Revolução de Outubro, o meu livro assim descreve o conflito que vem a se formar com a morte de Lênin: “Na medida em que um poder carismático era ainda possível isso tendia a tomar corpo na figura de Trotsky, o genial organizador do Exército vermelho e brilhante orador e prosador que pretendia encarnar as esperanças de triunfo da revolução mundial e que para isso fazia avançar a legitimidade de sua aspiração a governar o partido e o Estado.
Stalin, porém, era a encarnação do poder legal-tradicional que procurava penosamente tomar forma: ao contrário de Trotsky – ligado tardiamente ao bolchevismo – ele representava a continuidade histórica do partido protagonista da revolução e, em seguida, detentor de nova legalidade; para além disso afirmando a realizabilidade do socialismo mesmo em um único (grande) país, Stalin infundia uma nova dignidade e identidade à nação russa que, assim, superava a crise assustadora – fictícia mais do que concreta – irrompida a partir da derrota e do caos da Primeira Guerra Mundial, e reencontrava a sua continuidade histórica.
Mas exatamente por isso os adversários gritavam “traição”, enquanto traidores aos olhos de Stalin e de seus partidários surgiam todos com seu aventurismo facilitando a intervenção de potências estrangeiras, colocavam em perigo, em última análise, a sobrevivência da nação russa – que era na mesma época o destacamento de vanguarda da causa revolucionária. O choque entre Stalin e Trotsky é um conflito não apenas entre dois programas políticos, mas também entre dois princípios de legitimação” (p. 150).
Em certo ponto, diante da radical novidade do quadro nacional e internacional, Trotsky se convence (sem razão) de que em Moscou havia uma contrarrevolução e age em conformidade a isso. No quadro traçado por Marie, ao contrário, Trotsky e seus partidários – apesar de terem conseguido se infiltrar na GPU e em outros setores vitais do aparato estatal – sem lutar deixaram-se vencer e massacrar pela contrarrevolução criminosa e idiota que foi instalada no Kremlim. Não há dúvida, é essa a leitura – para ridicularizar particularmente Trotsky, apequenando e para tornar medíocres e irreconhecíveis todos os protagonistas da grande tragédia histórica que se desenvolveu na esteira da Revolução Russa (como em todas as grandes revoluções).
Com o objetivo de compreender de modo adequado tal tragédia, é preciso fazer apelo a uma categoria de contradição objetiva estimada por Hegel (e por Marx). Desgraçadamente, porém – adverte o meu livro –, Stalin como Trotsky compartilham a mesma pobreza filosófica: não conseguem avançar para além dessa troca recíproca de acusação de traição: “De uma parte e de outra, mais do que se empenhar na análise laboriosa das contradições objetivas, e das opostas opções e dos conflitos políticos que se desenvolvem sobre tal base, prefere-se recorrer com ligeireza à categoria de traição e, em sua configuração extrema, o traidor se torna agente consciente e corrompido pelo inimigo. Trotsky não se cansa de denunciar “a conspiração da burocracia stalinista contra a classe operária”, e a conspiração é tão mais abjeta pelo fato de a “burocracia stalinista” não ser nada além do que “um aparato de transmissão do imperialismo”. É apenas o caso de dizer que Trotsky vem generosamente recebendo o troco na mesma moeda. Ele se lamenta de ter sido tachado como “agente de uma potência estrangeira”, mas, por sua vez, tacha Stalin como “agente provocador a serviço de Hitler” (p. 126).
Menos que nunca, Marie – que efetivamente ironiza minha frequente citação de Hegel – dispôs-se a problematizar a categoria de “traição”. No debate ora em curso quem é, pois, o “stalinista”?
4- O comparativismo como instrumento de luta contra as fraudes da ideologia dominante
Até aqui vimos no grande especialista de “trotskismo-logia” um esforço de erudição com fim em si mesma ou utilizada como cortina de fumaça. E, no entanto, em Marie é preciso reconhecer um raciocínio, ou melhor, uma tentativa de raciocínio. No momento em que faço uma comparação entre os crimes de Stalin – ou a ele atribuídos – e aqueles cometidos pelo Ocidente liberal e seus aliados, Marie contesta: “Então, na pátria triunfante do socialismo (porque para Losurdo o socialismo surgiu na URSS) e que concretizou a unidade dos povos é normal que sejam utilizados os mesmos procedimentos dos chefes de países capitalistas ou de um obscurantista feudal e até do czar Nicolau II”. Examinemos essa refutação. Até deixamos de lado as imprecisões, os exageros ou os verdadeiros e próprios mal-entendidos. Em nenhuma parte falo da URSS ou de outro país como “a pátria triunfante do socialismo”; em meus livros escrevi, pelo contrário, que o socialismo é um “processo de aprendizado” difícil e de maneira nenhuma concluído.
Mas concentremo-nos no essencial. Da Revolução de Outubro até nossos dias constante é a tendência de a ideologia dominante demonizar tudo aquilo que tem alguma relação com a história do comunismo. Como fiz notar em meu livro, por algum tempo Trotsky foi tachado de ser (a exemplo de Goebbels) aquele que “talvez em sua consciência tenha o número de crimes mais alto que nunca antes pesou sobre um homem” (p. 343); sucessivamente essa obscura primazia foi atribuída a Stalin e hoje a Mao Tsetung; estão por ser igualmente criminalizados Tito, Ho Chi Minh, Castro etc. Devemos suportar essa “demonização” que – como sustento no último capítulo de meu livro – é apenas a outra face da “agiografia” do capitalismo e do imperialismo?
Vejamos de que maneira a essa manipulação maniqueísta reage Marx. Quando a burguesia do seu tempo – aceitando motivo para o assassinato dos reféns e para o incêndio espalhado pelos Communards – denuncia a Comuna de Paris como sinônimo de infame barbárie Marx responde que as práticas de tomada (e de eventuais assassinatos) de reféns e de ateamento de incêndios foram inventadas pelas classes dominantes e que, de qualquer modo, pelo que diz respeito a incêndios, seria preciso distinguir entre “vandalismo por uma defesa desesperada” (aquele dos communards) e “vandalismo por prazer”.
Marie me faz muita honra quando polemiza comigo sobre esse ponto: ele faria bem em fazer o mesmo diretamente com Marx. Ou, se pudesse, com Trotsky, que age também do mesmo modo com que fui censurado: no libreto A sua moral e a nossa, Trotsky se refere a Marx, já citado por mim, e – para rebater a acusação segundo a qual os bolcheviques, e apenas eles, se inspiram no princípio segundo o qual “o fim justifica os meios” (violentos e brutais) – chama em causa o comportamento não apenas da burguesia do século XIX e XX, como também (...) o de Lutero, protagonista da guerra de extermínio contra Müntzer e os camponeses.
Mas, agarrado como está ao culto à erudição, Marie não reflete nem mesmo sobre textos dos autores por ele mais estimados. E, na verdade, me ironiza dando à sua intervenção o título “O socialismo de Gulag!”. Naturalmente, com essa mesma ironia por aí poderiam ser feitas chacotas da Rússia soviética de Lênin (e de Trotsky): “O socialismo (ou a revolução socialista) da Ceka”, ou “o socialismo (ou a revolução socialista) da tomada de reféns” (tenha-se presente que, em A sua moral e a nossa, Trotsky é obrigado a defender-se até da acusação de ter recorrido a essa prática). Na realidade, com a ironia cara a Marie pode-se liquidar qualquer revolução. Temos então: “A Comuna dos reféns fuzilados”, “a liberdade e a igualdade da guilhotina” etc. De outra parte, não se trata de exemplos imaginários: foi assim que a tradição de pensamento reacionária liquidou a Revolução Francesa (e, sobretudo, o jacobinismo), a Comuna de Paris, a Revolução Russa etc.
Marx resumiu a metodologia do materialismo histórico na afirmação segundo a qual “os homens fazem sua história sozinhos, mas não em circunstâncias escolhidas por eles”. Ao invés de pegar os gestos dessas lições para investigar os erros, os dilemas morais, os crimes dos protagonistas de cada grande crise histórica, Marie indica essa simples alternativa: ou os movimentos revolucionários são soberanamente superiores – e, antes, milagrosamente transcendentes em relação ao mundo histórico, e às contradições e aos conflitos do mundo histórico – no âmbito em que eles se desenvolvem, ou aqueles movimentos revolucionários são uma completa ruína e um engano completo. E assim a história dos revolucionários em seu conjunto se configura como a história de uma única, ininterrupta e miserável ruína e engano. E mais uma vez Marie se coloca na vala da tradição do pensamento reacionário.
5- O socialismo como processo de aprendizado trabalhoso e incompleto
Eu disse que a construção do socialismo é um processo de aprendizado trabalhoso e incompleto. Mas exatamente por isso é preciso empenhar-se em dar respostas: o socialismo e o comunismo comportam a total eliminação de identidades e até de idiomas nacionais, ou tem razão Castro quando diz que os comunistas tiveram culpa por subestimar o peso que a questão nacional continua a exercer mesmo depois da revolução anti-imperialista e anticapitalista?
Na sociedade do futuro previsível não haverá mais lugar para nenhum tipo de mercado e nem para o dinheiro, ou devemos tirar proveito da lição de Gramsci, segundo a qual é preciso ter presente o caráter “determinado” do “mercado”? Em relação ao comunismo Marx fala algumas vezes de “extinção do Estado”, e outras de “extinção do Estado no atual sentido político”: são duas fórmulas entre si sensivelmente diferentes; em qual das duas pode-se inspirar? São esses problemas a provocar entre os bolcheviques, primeiro um ríspido conflito ideológico e depois a guerra civil; e a esses problemas é preciso responder se se quiser restituir credibilidade ao projeto revolucionário comunista, evitando as tragédias do passado. Com esse espírito é que escrevi primeiro Fuga da história? A Revolução Russa e a Revolução Chinesa hoje e, depois, Stalin.
História e crítica de uma lenda negra. Sem confrontar tais problemas não se poderá nem compreender o passado nem projetar o futuro. Sem confrontar tais problemas, aprender de memória até os mínimos detalhes da biografia (ou da agiografia) deste ou daquele protagonista de Outubro de 1917 servirá apenas para confirmar a profundidade do lema caro a Clemenceau: como a guerra é uma coisa muito séria para ser entregue a generais e especialistas da guerra, também a história da própria tragédia de Trotsky (para não falar da grande e trágica história do movimento comunista em seu conjunto) é uma coisa muito séria para ser entregue a especialistas e generais da trotskismo-logia.
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Tradução: Lucilia Ruy
sábado, 2 de abril de 2011
Roberto Carlos e a ditadura Militar
31 de Março de 2011 - 11h26
“De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar
se você não vem e eu estou a lhe esperar
só tenho você no meu pensamento
e a sua ausência é todo meu tormento
quero que você me aqueça nesse inverno
e que tudo mais vá pro inferno”
Quando Roberto Carlos explodiu os rádios do Brasil, ele cresceu em um programa que arrebentou em 65. O programa Jovem Guarda se opunha ao O Fino da Bossa, com Elis. Enquanto O Fino da Bossa fazia uma ponte entre os compositores da velha guarda do samba e os compositores de esquerda, o Jovem Guarda...
“Eu vou contar pra todos a história de um rapaz
que tinha há muito tempo a fama de ser mau..”
“O Rei, o Rei não tem culpa...”, diz-nos um senhor encanecido, ex-jovem guarda (e como envelheceu a jovem guarda!). “O Rei não tem culpa...”. Sim, compreendemos: quem assim nos fala quer apenas dizer, Roberto Carlos não teve culpa de fazer o medíocre, de falar aos corações da massa jovem daqueles anos. À juventude alienada, mas juventude de peso, em número, que ganha sempre da minoria de jovens estudiosos. Que mal havia em falar para a sensibilidade embrutecida mais ampla? É claro que ele não teve culpa de macaquear a revolução musical dos Beatles em versões bárbaras, em caricaturas dos cabelos longos, alisados a ferro e banha, para lisos ficarem como os dos jovens de Liverpool.
Mas é sintomático nele a passagem de cantor da juventude para o “romântico”. Essa passagem se deu na medida em que os jovens de todo o mundo deixaram de ser apenas um mercado de calças Lee e Coca-Cola, e passaram a movimentos contra a guerra do Vi etnã, até mesmo em festivais de rock, como em Woodstock. Ou, se quiserem numa versão mais brasileira, o Rei Roberto se torna um senhor “romântico” na medida em que as botas militares pisam com mais força a vida brasileira. Ora, nesses angustiantes anos o que compõe o jovem, o ex-jovem, que um dia desejou que tudo mais fosse para o inferno? - Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
É claro que a passagem do Roberto Carlos Jovem Guarda para o senhor “romântico” não se deu pelo envelhecimento do seu público. De 1965 a 1970 correm apenas 5 anos. O envelhecimento é outro. Nesses 5 correm sangue e raiva da ditadura militar, no Brasil, e crescimento da revolta do público “jovem”, no mundo. Enquanto explodem conflitos, a canção de Roberto Carlos que toca nos rádios de todo o Brasil é “Vista a roupa, meu bem” (e vamos nos casar). Se fizéssemos um gráfico, se projetássemos curvas de repressão política e de “romantismo” de Roberto Carlos, veríamos que o ápice das duas curvas é seu ponto de encontro.
Enfim, o namoro do Rei Roberto Carlos com o regime não foi um breve piscar de olhos, um flerte, um aceno à distância. O Rei não compôs só a música permitida naqueles anos de proibição. O Rei não foi só o “jovem” bem-comportado, que não pisava na grama, porque assim lhe ordenavam. Ele não foi apenas o homem livre que somente fazia o que o regime mandava. Não. Roberto Carlos foi capaz de compor pérolas, diamantes, que levantavam o mundo ordenado pelo regime. Ora, enquanto jovens estudantes eram fuzilados e caçados, enquanto na televisão, nas telas dos cinemas, exibia-se a brilhante propaganda “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o que fez o nosso Rei? Irrompeu com uma canção que era um hino, um gospel de corações ocos, um som sem fúria de negros norte-americanos. Ora, ora, o Rei ora: “Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui”.
Os brasileiros executados sob tortura não estavam com Jesus. Nem Jesus com eles.
Roberto Carlos e a Ditadura
Urariano Mota *As datas, os aniversários, têm um poder evocativo muito forte. Esta semana me veio de súbito uma pergunta: que música seria mais representativa do golpe militar de 64? Quais canções, que músico seria mais representativo daqueles anos inaugurados em um primeiro de abril?
Num estalo me veio que Roberto Carlos deve ter sido o compositor mais representativo da ditadura. Não sei se num curto espaço conseguirei ser claro. Mas tento. Os mais velhos sabem que a lembrança daqueles anos muito tem a ver com os rádios, em todos os lugares, tocando“De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar
se você não vem e eu estou a lhe esperar
só tenho você no meu pensamento
e a sua ausência é todo meu tormento
quero que você me aqueça nesse inverno
e que tudo mais vá pro inferno”
Quando Roberto Carlos explodiu os rádios do Brasil, ele cresceu em um programa que arrebentou em 65. O programa Jovem Guarda se opunha ao O Fino da Bossa, com Elis. Enquanto O Fino da Bossa fazia uma ponte entre os compositores da velha guarda do samba e os compositores de esquerda, o Jovem Guarda...
“Eu vou contar pra todos a história de um rapaz
que tinha há muito tempo a fama de ser mau..”
“O Rei, o Rei não tem culpa...”, diz-nos um senhor encanecido, ex-jovem guarda (e como envelheceu a jovem guarda!). “O Rei não tem culpa...”. Sim, compreendemos: quem assim nos fala quer apenas dizer, Roberto Carlos não teve culpa de fazer o medíocre, de falar aos corações da massa jovem daqueles anos. À juventude alienada, mas juventude de peso, em número, que ganha sempre da minoria de jovens estudiosos. Que mal havia em falar para a sensibilidade embrutecida mais ampla? É claro que ele não teve culpa de macaquear a revolução musical dos Beatles em versões bárbaras, em caricaturas dos cabelos longos, alisados a ferro e banha, para lisos ficarem como os dos jovens de Liverpool.
Mas é sintomático nele a passagem de cantor da juventude para o “romântico”. Essa passagem se deu na medida em que os jovens de todo o mundo deixaram de ser apenas um mercado de calças Lee e Coca-Cola, e passaram a movimentos contra a guerra do Vi etnã, até mesmo em festivais de rock, como em Woodstock. Ou, se quiserem numa versão mais brasileira, o Rei Roberto se torna um senhor “romântico” na medida em que as botas militares pisam com mais força a vida brasileira. Ora, nesses angustiantes anos o que compõe o jovem, o ex-jovem, que um dia desejou que tudo mais fosse para o inferno? - Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
É claro que a passagem do Roberto Carlos Jovem Guarda para o senhor “romântico” não se deu pelo envelhecimento do seu público. De 1965 a 1970 correm apenas 5 anos. O envelhecimento é outro. Nesses 5 correm sangue e raiva da ditadura militar, no Brasil, e crescimento da revolta do público “jovem”, no mundo. Enquanto explodem conflitos, a canção de Roberto Carlos que toca nos rádios de todo o Brasil é “Vista a roupa, meu bem” (e vamos nos casar). Se fizéssemos um gráfico, se projetássemos curvas de repressão política e de “romantismo” de Roberto Carlos, veríamos que o ápice das duas curvas é seu ponto de encontro.
Enfim, o namoro do Rei Roberto Carlos com o regime não foi um breve piscar de olhos, um flerte, um aceno à distância. O Rei não compôs só a música permitida naqueles anos de proibição. O Rei não foi só o “jovem” bem-comportado, que não pisava na grama, porque assim lhe ordenavam. Ele não foi apenas o homem livre que somente fazia o que o regime mandava. Não. Roberto Carlos foi capaz de compor pérolas, diamantes, que levantavam o mundo ordenado pelo regime. Ora, enquanto jovens estudantes eram fuzilados e caçados, enquanto na televisão, nas telas dos cinemas, exibia-se a brilhante propaganda “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o que fez o nosso Rei? Irrompeu com uma canção que era um hino, um gospel de corações ocos, um som sem fúria de negros norte-americanos. Ora, ora, o Rei ora: “Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui”.
Os brasileiros executados sob tortura não estavam com Jesus. Nem Jesus com eles.

sexta-feira, 1 de abril de 2011
O mundo não acaba em 2012, diz pesquisador
SÃO PAULO - Os adeptos das teorias da conspiração sofreram um duro golpe esta semana quando arqueólogos mexicanos voltaram a afirmar que o mundo não acaba em 2012 – pelo menos, não de acordo com o calendário Maia.
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Arqueologia e História apresentaram ao mundo a sexta parte do Calendário Maia.
Os escritos esculpidos com martelo e cinzel não estão completos, mas segundo declarações do pesquisador José Luis Romero, do INAH, o pouco que está visível deixa claro que não se trata de uma previsão apocalíptica.
Após a apresentação da pedra, o tema 2012 voltou a ser debatido na web – embora, na realidade, as descobertas do INAH são sejam tão novas assim: o objeto está há décadas guardado no Museu de Antropologia de Villahermosa, em Tabasco (e até a Nasa já desmentiu os boatos do fim do mundo )
Info Online entrou em contato com o INAH para obter mais detalhes da história. O Instituto confirmou que a pedra está há décadas em sua posse – e que não há evidência alguma de que os Maias façam referência ao apocalipse.
A pedra foi achada em diversos fragmentos na zona arqueológica de El Tortuguero, em Macuspana, mas somente quatro deles estão no museu em Tabasco. Outro está no Metropolitan, de Nova York, e dois pertencem a uma coleção particular nos Estados Unidos.
Em comunicado, o diretor do INAH, Juan Antonio Ferrer, disse que “a nível mundial, existe uma grande euforia e expectativa”. No entanto, o que alguns julgaram ser inscrições sobre o fim do mundo em dezembro de 2012 seriam, na verdade, uma previsão da chegada de um novo senhor, ou o início de uma nova era. “Alguém que chega e irá assumir um novo mandato”, disse Ferrer.
Os pesquisadores do Instituto Nacional de Arqueologia e História apresentaram ao mundo a sexta parte do Calendário Maia.
Leia também:
O trecho que fala sobre a entrada de uma nova era teria sido, segundo os pesquisadores, erroneamente interpretado como uma previsão apocalíptica do fim do mundo. Na terça-feira a agência AFP noticiou a apresentação da pedra em Tabasco, sudeste do México.- ´Fim do mundo´ Maia em 2012 estaria errado (19/10/2010)
- Vende-se vaga para sobreviver ao apocalipse (14/04/2010)
Os escritos esculpidos com martelo e cinzel não estão completos, mas segundo declarações do pesquisador José Luis Romero, do INAH, o pouco que está visível deixa claro que não se trata de uma previsão apocalíptica.
Após a apresentação da pedra, o tema 2012 voltou a ser debatido na web – embora, na realidade, as descobertas do INAH são sejam tão novas assim: o objeto está há décadas guardado no Museu de Antropologia de Villahermosa, em Tabasco (e até a Nasa já desmentiu os boatos do fim do mundo )
Info Online entrou em contato com o INAH para obter mais detalhes da história. O Instituto confirmou que a pedra está há décadas em sua posse – e que não há evidência alguma de que os Maias façam referência ao apocalipse.
A pedra foi achada em diversos fragmentos na zona arqueológica de El Tortuguero, em Macuspana, mas somente quatro deles estão no museu em Tabasco. Outro está no Metropolitan, de Nova York, e dois pertencem a uma coleção particular nos Estados Unidos.
Em comunicado, o diretor do INAH, Juan Antonio Ferrer, disse que “a nível mundial, existe uma grande euforia e expectativa”. No entanto, o que alguns julgaram ser inscrições sobre o fim do mundo em dezembro de 2012 seriam, na verdade, uma previsão da chegada de um novo senhor, ou o início de uma nova era. “Alguém que chega e irá assumir um novo mandato”, disse Ferrer.
O processo da degeneração do PSOL
*O PROCESSO DE DEGENERAÇÃO DO PSOL* > > > > “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar > com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de > realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos: acredite neles”. > > > > [*Vladimir Ilich Ulyanov, **Lenin*] > > > > Os que subscrevem este documento são os que construíram o PSOL em nosso > Estado. Alguns, desde o primeiro instante; outros, engrossando nossas > fileiras ao longo da caminhada; alguns, hipotecando vidas familiares, > profissionais, carreiras; outros, trocando suas comodidades pessoais pelas > agruras das nossas exigências partidárias. Mas todos firmemente decididos a > fazer triunfar não um projeto político qualquer, mas o projeto político do > socialismo. Por isso, em 2004, quando do seu momento inicial, escolhemos um > programa socialista e um estatuto que definiria o perfil de um partido de > esquerda, autêntico e revolucionário, para superar a lógica perversa do > capital e implantar o socialismo. > > Nestes sete anos de trajetória, nos quais inúmeros militantes deram sua > contribuição à construção do PSOL em vários municípios maranhenses, buscamos > levar o partido à classe trabalhadora no campo e na cidade, cumprindo > fielmente nosso papel pedagógico de instrumento de educação das massas, > agregando-as conscientemente às lutas pelo socialismo. Não nos esqueçamos > que o Maranhão, historicamente, permanece no estado de pobreza extrema e por > isso mesmo tem os piores indicadores sociais e econômicos do País. > > Aqui, com o patrocínio escancarado do governo do PT, a mais longeva > oligarquia regional não somente sobrevive, mas dá sinais de longa sobrevida. > Por isso mesmo, é imperioso ser firme no caminho traçado e não se deixar > confundir. Persistir no combate à oligarquia sarneísta, mas combater > igualmente suas ramificações travestidas de “libertação”. > > Infelizmente, o PSOL traiu o seu projeto original. Em menos de uma década, > degenerou completamente. Não o dizemos por dizer. Basta olhar o que > aconteceu nos congressos nacionais nesse período. Limitaram-se às disputas > em torno do poder interno, pelo controle da direção, pelo aparato partidário > e pelas definições eleitorais. A discussão que de fato interessava, em torno > da intervenção do Partido nas lutas sociais, passou longe e despercebida. De > um partido de base, organizado em núcleos, transformou-se em um partido > loteado entre chefetes que pensam ser donos das vontades e das inteligências > dos seus militantes. Organizado em tendências, é de fato uma federação de > “potências soberanas”, na expressão de Lênin, incapaz de superar a eterna > luta interna que o paralisa diante das exigências da luta concreta diária. > Paralisado, reduziu-se ao papel de mero espectador. Paralisado, assiste > impotente ao recebimento de ajuda financeira em campanha eleitoral > proveniente dos cofres de grandes empresas capitalistas tais como a Gerdau e > a Taurus que financiaram a campanha de Luciana Genro no Rio Grande do Sul. > Paralisado, vê estarrecido sua Presidente, à época, Heloisa Helena fazer > campanha para candidato de outro partido. Paralisado vê o Senador eleito > pelo Amapá Randolfe Rodrigues ter recebido apoio político do grupo do > Senador José Sarney. Os escândalos internos sucedem-se sem que nada > aconteça. > > Nada acontece porque, em primeiro lugar, a base partidária está excluída de > toda participação concreta, efetiva, nos rumos do partido; e, depois, porque > em razão dos acordos internos, os grupos ou outros nomes que lhes queiramos > dar, num eterno traçar de alianças, evitam o necessário enfrentamento dessas > questões. O partido anulou-se. Não existe. Existem os grupos, as tendências, > as subtendências, os chefes, os parlamentares, mas não o Partido. Existem as > preocupações eleitorais, mas não a preocupação com a democracia interna, com > a compreensão do País, com a construção da necessária autoridade moral sem a > qual jamais será possível aspirar a, um dia, ajudar na revolução brasileira. > > Em 7 anos o PSOL transformou-se numa caricatura do PT, uma vez que repete > e aprofunda as práticas políticas daquele partido, práticas estas que o > transformaram num partido corrupto e agente da ordem capitalista, destruidor > dos direitos da classe trabalhadora e favorecedor dos interesses burgueses. > > Ao contrário do que a classe trabalhadora esperava, o PSOL rebaixou o seu > programa e rapidamente caducou, frustrando as enormes esperanças das massas > e tornando-se um partido meramente eleitoral sem um conteúdo de classe ou de > ferramenta de superação da ordem burguesa. > > No Maranhão, da Direção Nacional jamais recebemos qualquer tipo de ajuda. > De nenhuma natureza. Para tornar este ponto claro: do fundo partidário, por > exemplo, nunca um único centavo ajudou a luta do PSOL no Estado. Talvez > porque sempre nos recusamos a participar da política rasteira, conservadora > e autoritária que hoje domina o Partido. > > Não bastasse isso, temos sofrido, na prática, intervenções sucessivas, não > apenas nas nossas instâncias estaduais, mas, sobretudo, nas decisões > democráticas dos nossos filiados, como no caso da escolha dos candidatos ao > Senado, agora repetida com filiações decididas sem sequer uma consulta. > Querem empurrar-nos goela abaixo figuras como Haroldo Saboia e Franklin > Douglas, que, conforme documentos públicos, há menos de 5 meses, defendiam o > governo Lula e todas as suas políticas de ataque aos trabalhadores, > sucateamento dos serviços e órgãos públicos, privatizações, pagamento > exorbitante da dívida pública, reforma da previdência em desfavor dos > aposentados e assalariados e aliança com a burguesia (aliás, ao amparo de > recente Resolução da própria Executiva Nacional do Partido). Mais ainda: > essas pessoas legitimaram e participaram do corrupto governo Jackson Lago > que atacou violentamente os trabalhadores e professores com a chamada Lei do > Cão, além de inúmeros casos de improbidade e nepotismo amplamente > divulgados. > > Querem desmoralizar-nos. Não o conseguirão. Ao tomar essa atitude vertical, > antidemocrática e desrespeitosa com toda a construção e compromisso que > firmamos nesses 7 anos de muito trabalho em todo o Maranhão, a executiva > nacional do PSOL mostra a cara de um partido que já pode ser chamado de > “novo PT” pelas práticas e conteúdo que passa a tomar na cena política do > Brasil e do Maranhão. > > Por tudo isso e coerentes com a nossa posição política, decidimos, > coletivamente, sair do PSOL. Esta última intervenção foi a gota que fez > transbordar o copo. Sair representa manter a nossa coerência e não nos > tornar cúmplices dessa virada ideológica, como faz a CST que, entre nós, > omitindo-se sempre, apóia, na prática, a política intervencionista e > antidemocrática da Direção Nacional; ou como a APS que, desde sua entrada no > Partido, jamais moveu uma palha na luta cotidiana dos trabalhadores > maranhenses, limitando-se à já conhecida política cupulista em que busca > substituir sua absoluta falta de identidade com um projeto > revolucionário-socialista por tentativas de alianças eleitorais à margem do > projeto partidário; ou ainda como o MES e ENLACE , eternos ausentes da > vida partidária do Estado. O PSOL, já a partir de algum tempo, desprezando a > luta social e política, privilegia o mero pragmatismo eleitoreiro. O nosso > combate é outro: ele está nas trincheiras e nos embates, o verdadeiro > ambiente de constructo de um projeto revolucionário. > > Não deixaremos de fazer a luta social e política permanentemente em defesa > da classe trabalhadora, através das entidades sindicais e organizações > sociais em que cada um de nós atua. No momento certo debateremos e > decidiremos qual rumo partidário será tomado por nós. Aproveitamos para > convidar todos aqueles que, ainda no PSOL, possam erguer suas vozes e dizer > não a esse processo acelerado de degeneração para que nos juntemos para > continuar sonhando com um futuro socialista e libertário. > > *VIVA O SOCIALISMO!* > > São Luís, 31 de março de 2011 > > > > 01)Aldecy Moraes Ribeiro - Previdenciário e do Núcleo Mário Alves > > 02) Antônia de Jesus Santos Soares - Professora e Municipal de Caxias > > 03) Antônia Raimunda Alves dos Santos-Professora e Municipal de Caxias > > 04)Antonísio Furtado – Diretório municipal de São Luís e oposição de > professores > > 05)Carlos Lopes- Profissional liberal e do Diretório Municipal de > Imperatriz > > 06)Claudio Lopes- Marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 07) Cordeiro Marques- Diretório Municipal de São Luís e do Sintes/MA > > 08)David Sá Barros – Bancário e Presidente do Sindicato dos Bancários > > 09)Diogo Cabral – Advogado popular e membro da Comissão de Direitos Humanos > da OAB/MA > > 10)Emanoel Chaves – Comerciante e do Municipal de Imperatriz > > 11)Felix Lima e Silva - Pedreiro > > 12) Francinete Soares da Silva-Professor e Municipal de Caxias > > 13)Heliomar Barreto- Estudante e do Diretório Estadual do PSOL > > 14)Irmão Walter – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 15) Irisnete Galeno da Silva – dona de casa > > 16)Joel Silva Costa - Previdenciário e do Núcleo Mário Alves > > 17)Jorge Luis Pinheiro Ferreira – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves > > 18)José Cláudio Siqueira Mendes – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves > > 19)José de Ribamar Novaes – Médico, previdenciário e do Núcleo Mário Alves > > 20)Kátia Ribeiro- Oposição dos professores e advogada > > 21)Lailton Nunes – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 22)Lenilson filho – estudante e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 23)Luis Carlos- Diretor do Sindicato dos Bancários > > 24)Luis Fernando Teixeira Coqueiro – Previdenciário e do Núcleo Mário Alves > > 25)Márcio André – Advogado e militante dos movimentos de pessoas com > deficiência > > 26)Marco Aurélio- Urbanitário e oposição Urbanitária > > 27)Marcos(cabelo fino) – marceneiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 28) Maria da Conceição Dias Carneiro – Professora e Municipal de Caxias > > 29) Maria de Nazaré Almeida Lima – Professora, Diretora do Sindicato dos > Trabalhadores Municipais de Caxias Professora e Municipal de Caxias > > 30) Maria do Carmo Alves Avelino – Professora e Municipal de Caxias > > 31) Maria dos Santos Gomes de Freitas – Professora e Municipal de > Caxias > > 32) Maria Honorina – Dona de casa e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 33)Marlon Câmara Freire – Diretor do Sindicato dos Trabalhadores do > Judiciário Federal-Sintrajufe/MA > > 34)Maria Dolores da Silva – Diretório Estadual do PSOL e oposição > dos professores > > 35) Naziel silva – Autonomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 36)Nemeziano Carvalho Loura – Servidor Federal e oposição dos federais > > 37)Paulo Rios- Ex-candidato a Prefeito de São Luís em 2008, Diretor do > Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal/MA, Membro suplente do > Diretório Nacional do PSOL e Professor Universitário > > 38)Rezzo Júnior- Diretório Estadual do PSOL e oposição de professores > > 39)Ribamar Arouche – Vigilante e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 40)Ricardo de Aguiar – Pedreiro e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 41)Rogério Costa- Presidente do Diretório Estadual do PSOL, Professor > Universitário e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 42)Saturnino Moreira- Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2006, > Diretório Estadual do PSOL, Professor Universitário e do Núcleo Tecendo o > Socialismo > > 43)Saulo Arcangeli- Ex-candidato a Governador pelo PSOL em 2010, Presidente > do Diretório Municipal de São Luís, Coordenador Geral do Sindicato dos > Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU-Sintrajufe/MA e da Fenajufe, > Membro da Executiva Nacional da CSP CONLUTAS- Central Sindical e Popular. > > 44) Silvana Maria de Oliveira Moura – Professora, Dirigente Sindicato dos > Trabalhadores Municipais de Caxias e Diretório Municipal de Caxias > > 45)Sonia Maria Silva Santos – Previdenciária e do Núcleo Mário Alves > > 46) Wagner Sabóia – autônomo e do Núcleo Tecendo o Socialismo > > 47) Zé pombo – Funcionário publico municipal de São Luís > > 48)Wellyngton Chaves – Office-Boy e Diretório Municipal de Imperatriz > > 49)Wilson Leite- Trabalhador assalariado e Presidente do Diretório > Municipal de Imperatriz >
Trailer da Novela Amor e Revolução do SBT sobre a ditadura militar
Trailer de 10 minutos da novela Amor e Revolução, que estreia dia 05/04/2011, às 22h30, no SBT. A novela é de Tiago Santiago, colaboração de Renata Dias Gomes e Miguel Paiva e direção-geral de… 00:10:02 Added on 3/11/2011 6,788 views |
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