*A favor do aborto? Psol e o caso Bassuma * A filiação do principal expoente da ofensiva contra o direito de aborto não foi rejeitada pelo Psol, que já capitulou diante de Heloísa Helena, apoiadora entusiástica de Bassuma, na mesma questão 23 de abril de 2011 Luiz Bassuma, líder da campanha de perseguição às mulheres que tem como eixo central o aborto, não está com sua situação resolvida no Psol. Bassuma, que saiu do PT e se lançou candidato pelo Partido Verde ao governo da Bahia nas eleições de 2010 anunciou que sairia do partido no início desse ano por divergências quanto a composições e novos filiados do partido interessados em se candidatar nas eleições municipais de 2012. Apesar de ter obtido mais de 200 mil votos, Bassuma perdeu o prestígio no partido e como está sem mandato parlamentar, já que seu mandato como deputado federal acabou em 2010, está buscando legenda para lançar-se candidato em 2012. Foi aí que surgiu o interesse do Psol. Como partido parlamentar, eleitoreiro, a votação de Bassuma encheu os olhos do Psol que viu nele a possibilidade de aumentar sua bancada. Por isso, no início de março os dirigentes do Psol na Bahia fizeram oficialmente o convite para que o líder da campanha da tropa de choque da direita contra os direitos das mulheres ao aborto se filiasse ao partido. A reação não demorou a acontecer. Causa Operária foi um dos primeiros a denunciar o feito. Internamente no Psol logo surgiram manifestações, de apoio entusiasmado e também críticas. Apoio do MES e de Heloísa Helena Segundo conta a imprensa local que acompanha o caso com curiosa atenção, a legenda está rachada. Dirigentes locais do partido, vinculados ao MES-MTL (Movimento Esquerda Socialista e Movimento Terra Trabalho e Liberdade) e apoiados pela presidenta de honra do Psol e musa da direita, Heloísa Helena (AL), além da ex-deputada Luciana Genro (RS) apóiam e defendem decididamente a filiação e candidatura de Bassuma em 2012 pelo partido, enquanto que a resistência estaria sendo oferecida pela tendência Ação Popular Socialista (APS), que teria conquistado em convenção o direito de lançar o candidato a prefeito pelo partido. Como aliada de Bassuma em sua campanha persecutória contra mulheres desde os tempos em que atuavam juntos no Congresso Nacional e viajando pelo País em atos contra o direito ao aborto, Heloísa Helena, a candidata oficial da Frente de Esquerda, tem manifestado repetidamente apoio ao ex-verde. No início do mês ela publicou em seu twitter: "Oi, Querido! Li sua carta… está ótima e só não compreende quem não quer. Tomara você possa ficar conosco no partido! Beijos!". Com a repercussão que o caso tomou em março, nas vésperas das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a direção nacional do partido se viu forçada a tirar uma nota afirmando que seria a direção nacional quem decidiria sobre o caso e que "uma comissão irá ouvi-lo para deliberação final na próxima reunião da Executiva Nacional". A comissão foi formada e, segundo a imprensa baiana, já ouviu o que Bassuma tinha para dizer, mas a direção nacional do Psol ainda não conseguiu fazer as contas dos votos que podem ser perdidos ou ganhados com a filiação ou não de Bassuma e não deliberou sobre o assunto. Nem de esquerda, nem socialista Dentro do partido, setores de mulheres e LGBT chegaram a escrever nota de repúdio contra a filiação de Bassuma, mas a criação de uma comissão para ouvir o ex-deputado e a demora da direção em tomar uma posição definitiva demonstra o modo como a luta e as reivindicações das mulheres são totalmente negligenciadas pelo partido. Por outro lado, a posição da direção é compreensível. Afinal, o partido vive com uma contradição interna que é pública: como justificar a não filiação de um defensor da condenação de mulheres por aborto se o partido, assim como toda a Frente de Esquerda (PSTU-PCB-Psol) que lançou Heloísa Helena como candidata à presidência da República em 2006, aceitou que ela se posicionasse em rede nacional e publicamente contra o direito ao aborto? Contrariando o programa do Psol e também da própria Frente de Esquerda? E fez isso sob a alegação de que aquele era um posicionamento particular, individual que deveria ser respeitado. Se tal argumento serviu para proteger e lançar a candidatura de Heloísa Helena à presidência da República, porque não serviria para filiar Luiz Bassuma? A contradição foi explorada pelo baiano que escreveu uma carta à direção nacional, "na qual afirma que permanece com o mesmo ideal, mas respeita as posições divergentes dentro do partido". Diz ele: "Discordamos em uma coisa, mas concordamos em outras 90". Em entrevista a um jornal local completou a sentença, "eu não mudo minha posição. O partido que me aceitar terá que aceitar minha postura sobre o assunto". Toda essa situação serve para demonstrar a verdadeira posição da esquerda pequeno-burguesa em relação às mulheres e é, na prática, uma desmoralização de qualquer luta que as militantes do Psol procurem travar em defesa dos direitos das mulheres. A luta pelo direito ao aborto não é uma luta secundária das mulheres. É uma luta e uma conquista democrática central. Primeiro porque se a mulher não tem direito sobre o próprio corpo, dificilmente alcançará outras conquistas e, segundo, porque é o cavalo de batalha da direita atualmente, com vistas a escravizar a mulher no lar e, assim, dar um passo no sentido de aprofundar a opressão contra toda a população. Setores orientados pela Hierarquia da Igreja Católica e a Opus Dei, chegaram ao ponto de acusar, investigar e processar quase 10.000 mulheres no Mato Grosso do Sul (ação orquestrada em 2007 pelo então deputado Luiz Bassuma) e que pretende ampliar essa perseguição para todo o Brasil através da abertura de uma CPI do aborto no Congresso Nacional. A esquerda que se cala diante disso e permite em seus quadros os principais impulsionadores dessa ofensiva em troca de votos nas eleições burguesas não pode ser chamada de esquerda, muito menos socialista ou revolucionária. As mulheres do Psol devem se opor firmemente a isso.
terça-feira, 26 de abril de 2011
O direitismo : PSOL e o caso Bassuma - a favor do aborto?
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