segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Darwin, o abolicionista
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Crise econômica 1a parte
*Crise leva ao corte de 20 mil na produção de frutas no NE* - *3/2/2009* http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19765 Sem encomendas dos EUA e da Europa, safras da região do Vale do São Francisco devem ser 30% menores neste ano. Região responde por 42% de todas as exportações de frutas do país; atividade emprega 240 mil pessoas e movimenta US$ 800 mi/ano. A reportagem é de *Fábio Guibu* e publicada no jornal *Folha de S.Paulo*, 03-02-2009. Os importadores europeus e norte-americanos que financiavam a produção de frutas do Vale do São Francisco, por meio de adiantamentos de até R$ 300 milhões anuais em compras antecipadas, suspenderam as operações neste ano devido à crise mundial. Descapitalizados, os fruticultores nordestinos já demitiram cerca de 20 mil pessoas e preveem uma queda de pelo menos 30% na safra 2009. O vale é responsável por 42% das exportações de frutas do país, um negócio que movimenta US$ 800 milhões por ano. A atividade emprega 240 mil pessoas na região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e ocupa 120 mil hectares de terras irrigadas pelo rio São Francisco. "A situação é bastante complicada", disse o diretor-executivo da Cooperativa Agrícola Juazeiro, *Avoni Pereira dos Santos,* 50. "Os compradores não estão antecipando as compras, e os preços dos produtos caíram até 70% em mercados como os Estados Unidos." De acordo com ele, a cultura mais afetada foi a da uva, produzida por 2.200 fruticultores da região. Com a crise, o preço da caixa de 4,5 kg de uva caiu de US$ 38 para US$ 14 nos EUA. Santos estima que o prejuízo dos produtores de uva chegou a US$ 110 milhões em 2008. O Vale do São Francisco produz 97% das uvas exportadas pelo país e 95% das mangas vendidas ao exterior. "De um lugar próspero, esse lugar passou a ser um pesadelo." Na empresa Logus Butiá, produtora e exportadora de uvas em Petrolina (a 790 km de Recife), quase todos os empregados foram demitidos. Dos 300 funcionários, restaram 50. Segundo *Cesar Cotrim,* diretor da empresa, em períodos normais de entressafra (novembro a janeiro), apenas 50 pessoas seriam demitidas. O restante seria utilizado na preparação dos pomares. "O problema é que estamos absolutamente descapitalizados", disse Cotrim. "O preço líquido do nosso produto exportado caiu de US$ 21 em 2007 para US$ 7 em 2008, por caixa", afirmou. "Isso representa um grande desastre", declarou. "Empatamos com o custo operacional, mas não temos como pagar os compromissos." Cotrim espera produzir neste ano apenas um terço das 2.500 toneladas de uva colhidas no ano passado. "Não há dinheiro para trabalhar a fazenda inteira", afirmou. Na opinião do vice-presidente da Valexport (Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco), *Aristeu Chaves,* a saída para a crise na fruticultura não passa apenas pela concessão de novas linhas de crédito e renegociação dos débitos antigos. "Os empresários terão que entender que o mundo mudou com a crise", disse. "Eles vão ter que repensar o mercado e diversificar." *Chaves* sugere a intensificação dos negócios no Oriente Médio e na Ásia. "O mercado interno cresceu, mas ainda não é capaz de absorver a produção do vale", afirmou. Empresários e produtores da região se reúnem hoje, em Petrolina, com representantes do governo e de bancos estatais para discutir os problemas e a aplicação de uma nova linha de crédito, de R$ 200 milhões. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- *20 milhões de migrantes chineses perderam seus empregos* - *3/2/2009* – http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19764 Com a crise econômica global derrubando as exportações do país e fechando fábricas, 20 milhões de migrantes chineses perderam seus empregos nos últimos meses, e a expectativa é que esse número seja acrescido neste ano de até 6 milhões de pessoas que irão para as cidades e não encontrarão trabalho, gerando temores de uma onda de protestos contra o governo. A reportagem é do jornal *Folha de S.Paulo*, 03-02-2009. Segundo as estimativas oficiais, cerca de 15% dos 130 milhões de migrantes tiveram que voltar para a zona rural por não encontrarem emprego. As demissões, afirmou *Chen Xiwen*, diretor do órgão do governo de políticas rurais, foram resultado direto da crise global e do seu impacto na indústria chinesa voltada para a exportação. Ele disse ainda que o aumento do desemprego será um desafio para a estabilidade social. "O que os trabalhadores migrantes que perderam seus empregos vão fazer para obter renda quando retornarem para suas vilas? Como vão lidar com isso? Esse é um novo fator afetando a estabilidade social neste ano", disse Chen. O desemprego dos migrantes, além da vida dos próprios, afeta a região de onde saíram, já que as remessas são importante fonte de renda para as suas famílias. Para agravar a situação, o dado de 20 milhões de desempregados leva em conta apenas aqueles trabalhadores que foram demitidos e voltaram para a zona rural, não incluindo os que estão sem ocupação, mas permanecem nas cidades. Além disso, há os trabalhadores urbanos que perderam o emprego e os jovens que pretendem ingressar no mercado. O aumento do desemprego é reflexo dos dados econômicos do país, que, ainda que em muitos casos sejam positivos, estão abaixo da média dos últimos anos. As exportações -que avançavam há mais de sete anos- recuaram em novembro e dezembro do ano passado, e o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre cresceu 6,8%, expansão muito superior à dos países desenvolvidos e de boa parte dos em desenvolvimento, mas a menor registrada pela China desde 2002. Com isso, o governo, que no ano passado lançou um pacote de US$ 585 bilhões (45% do PIB brasileiro de 2007) para estimular a terceira maior economia mundial, já dá sinais de que pode ampliar o plano. Por trás do pacote, também está uma preocupação com a manutenção no poder do regime comunista, no comando desde 1949. O governo considera que precisa crescer pelo menos 8% para garantir a entrada de mais pessoas no mercado de trabalho e, assim, garantir a estabilidade social. O governo não divulga há vários anos estatísticas oficiais com o número de protestos, mas artigo de uma revista da agência estatal Xinhua prevê que as manifestações serão recorde neste ano. "O governo não deve ficar parado, desapontando os agricultores, diz* Liu Shanying,* da Academia Chinesa de Ciências Sociais. "Se eles ficarem desempregados por um longo tempo serão uma bomba-relógio." Na época dos protestos na praça da Paz Celestial, há 20 anos, o PIB chinês se desacelerou de 11,3%, em 1988, para 4,1%. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- *Trabalhadores contra trabalhadores - 3/2/2009* – http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19766 A recessão na Europa faz explodir uma tensão latente entre trabalhadores locais e milhões de imigrantes que nos últimos anos chegaram ao continente. Ontem, trabalhadores de uma usina nuclear na Inglaterra decidiram fechar a instalação em uma greve contra a decisão de uma empresa de dar postos de trabalho para italianos e portugueses. Nas obras para preparar Londres para as Olimpíadas 2012, dezenas de romenos foram demitidos para dar lugar a ingleses. A reportagem é do jornal *O Estado de S.Paulo*, 03-02-2009. Com desemprego batendo taxas recordes, vários partidos de oposição e de extrema direta já questionam governos sobre a abertura de suas fronteiras e um dos pilares da construção da UE: a livre circulação de trabalhadores. Em Bruxelas, a ordem é evitar o protecionismo. Na Itália, membros do governo já indicaram a necessidade de rever as cotas para a imigração, em uma medida explicitamente protecionista. Na Suíça, o Parlamento aprovou uma lei endurecendo os controles sobre imigrantes e, no Parlamento Europeu, uma lei será aprovada nesta semana criando duras penas contra empregadores que derem trabalho para pessoas sem visto. Mas é no Reino Unido que a tensão se transformou em uma crise política. Trabalhadores de uma refinaria da Total iniciaram uma greve diante da decisão da empresa de dar 200 postos de trabalho a estrangeiros, com salários mais baixos. O protesto se espalhou e já envolve várias regiões e centenas de trabalhadores. Ontem quase mil empregados da usina nuclear de Sellafield, no Oeste da Inglaterra, optaram por interromper o trabalho por 24 horas. Na Inglaterra, o desemprego atingiu neste mês sua maior taxa em 11 anos, com 2 milhões de desempregados. Ontem, o ministro de Indústrias do Reino Unido, *Peter Mandelson*, criticou propostas de que barreiras formais aos estrangeiros devessem ser criadas. Segundo ele, 300 mil empresas britânicas dependem de estrangeiros e as abertura das fronteiras é uma condição para a existência da UE. Mas, na surdina, o governo demitiu cerca de 200 romenos que trabalhavam ilegalmente nas obras para preparar Londres para os Jogos Olímpicos de 2012. Em Londres, o governo endurece a política antiimigração. Mas os protestos em relação aos imigrantes se proliferaram. Na sede da Total, em Paris, cerca de 600 pessoas fizeram um protesto. Na Suécia e Finlândia, casos já chegaram às Cortes Supremas. Empregados questionavam a autorização de empresas para contratar trabalhadores do Leste Europeu por salários mais baixos. A corte autorizou.
França frente à crise econômica
França frente à crise econômica Bom começo no primeiro teste de força contra Sarkozy Por Juan Chingo - Fração Trotskista - França Quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
A jornada de ação de 29 de janeiro na França foi massiva: segundo a polícia mais de um milhão de pessoas participaram em toda a França e 2,5 milhões segundo a CGT. Quantitativamente está à altura das grandes manifestações que fizeram o governo retroceder em 2006 na luta contra o CPE (contrato do primeiro emprego) ou ainda, em 2003, da luta pelas aposentadorias e nas de 1995 contra Juppé frente à reforma do regime especial dos ferroviários e da RATP (metrô e transporte urbano) e da assistência social; mesmo que provavelmente de magnitude menor que a última delas. Contudo, comparada com essas ações, o novo da ação de 29 de janeiro (e potencialmente significativo) é:
1° - A crescente participação, como não se via a muito tempo dos trabalhadores das empresas privadas, industriais ou de serviços, grandes multinacionais como o gigante do aço Arcelor Mittal, as empresas automotivas Peugeot Citroën, Renault Ford, a grande empresa de pneus Michelin, o grupo meio ambiental Veolia, a compania privada de telefones Free ou os grandes supermercados como Carrefour e outros comércios atacadistas como a Fnac e a Galeria Lafayette. Também participaram, mesmo que não organizados, assalariados de pequenas empresas. Desse ponto de vista, é a manifestação de participação operária ou assalariada de trabalhadores públicos (onde há que enfatizar uma forte adesão dos docentes e trabalhadores da saúde, etc.) e privados mais importante das últimas décadas.
2° Diferente da luta contra o CPE ou da luta de 2003 que terminou derrotada ou inclusive da greve geral das estatais de 1995, o movimento atual não tem uma reivindicação aglutinante clara, mas é uma jornada de ação claramente política, contra as consequências do desemprego, a queda do poder de consumo, a destruição da saúde e da educação pública, a precarização do trabalho, em especial entre os mais jóvens e fundamentalmente o sentimento de injustiça de que há resgate dos bancos (nesses dias, fez-se conhecido que, apesar das perdas do último trimestre, fecharam o ano com lucro) e nada para os assalariados ou aposentados. Isso se manifesta na ampla simpatia da população que a ação obteve (cerca de 75% de apoio), coisa que não se via desde 1995, e inclusive em níveis mais altos que nessa época
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Por outro lado, devemos apontar:
1° Que diferente das lutas antes mencionadas, que se trataram de jornadas de mobilizações, greves e lutas de vários dias ou semanas, a atual foi uma greve e manifestação de um só dia. Em boa medida, as direções sindicais a convocaram para descomprimir a cólera dos assalariados, que poderia expressar-se (existe um grande medo quanto a isso) em duras greves em alguns setores, e sem nenhuima perspectiva de continuidade. No entanto, o êxito da jornada e a negativa do governo em mudar minimamente a orientação do plano de estímulo no sentido que pedem as direções sindicais- favorecendo o consumo e não o investimento ou baixando o ICMS, o que se choca com o déficit fiscal, ou aumentando o salário mínimo, medida fortemente defendida pela MEDEF, mais ainda em tempos de crise- poderia obrigar aos sindicatos a convocar novas jornadas de luta a medida que se aprofunda o desemprego e aumente a briga.
2° Ainda que houvesse setores de estudantes secundaristas bem combativos, que cantavam com toda sua força, ainda está ausente o movimento estudantil, principalmente o universitário. Sua entrada é uma das questões que o governo mais teme (e os mesmos sindicatos, como demonstraram na última onda de lutas conjuntas em 2008, onde a burocracia sindical abandonou o movimento estudantil universitário que terminou fortemente golpeado) pela radicalidade que poderia agregar à situação.
3° Por último, a greve no transporte não foi tão forte como se esperava, o que tirou a espetacularidade e contundência da ação grevística se comparada à outros movimentos, mais ainda levando em conta a importância desse setor na economia capitalista em geral e na França em particular, onde é a coluna vertebral do movimento operário nas últimas décadas. Contudo, esse fato ressalta outra característica da jornada de hoje na qual muitos assalariados ficaram em casa, muitos provavelmente com uma adesão passiva e outros tiraram o dia, ou ainda por medo de perturbações maiores que não aconteceram. A nosso ver, esse elemento que é ressaltado por alguns jornais para respirarem tranquilos, continua enfatizando o caráter político da ação.
A questão continua aberta. O governo, como comenta uma nota de análise do diário Le Monde de 28/01, começa a mostrar sintomas de debilidade. A rapidez de mudança do estado de ânimo da população, que nos últimos 6 meses estava atônita e chocada frente à crise e passou ao atual descontentamento, à volta da “França que resiste”, fez mudar a cara de otimismo do governo da direita dura de Sarkozy. O diário parisiense disse da seguinte maneira: “Nicolas Sarkozy frente à síndrome do país regicida” e coloca que “O presidente da República afirma que quer continuar com as reformas, mas confessa também que ‘ a França não é o país mais simpres do mundo de se governar”, ele recorda que ‘os franceses guilhotinaram um rei’, que ‘em nome de uma medida simbólica, eles podem convulsionar o país’. Ele fala da França como um ‘país regicida’” (Le Monde, Françoise Fressoz, 28/01/2009).
A chave, então, é a capacidade de resposta e organização dos assalariados. Isso passa em primeiro lugar, por lutar pela continuidade das medidas organizando um verdadeiro plano de luta e não as jornadas de ação desconexas que já desgastaram importantes movimentos nas ruas no passado. Em segundo lugar, a chave é votar uma verdadeira pauta de reivindicações que inclua todas as demandas mais sentidos pelo povo trabalhador e pela juventude (e não a súplica debilmente pseudo keynesiana do documento das oito centrais sindicais que convocaram a jornada de 29 de janeiro) que forje verdadeiramente a unidade da classe operária e dos oprimidos, em especial seus setores mais explorados, os jóvens das banlieus que se mobilizaram em grande medida nas recentes marchas contra a agressão sionista a Gaza e como questão determinante, os jovens assalariados, que sofrem majoritariamente a precarização com contratos de duração determinada e hoje são os primeiros a serem demitidos.
Terceiro, há que retomar as melhores tradições de auto-organizaçã o que que vêm dado o ciclo de lutas dos trabalhadores e jovens franceses em especial nas tentativas de coordenação em algumas cidades na greve geral das estatais de 1995 ou o exemplo da Coordenadoria estudantil em 2006 e extendê-lo e apronfundá-lo a todo o movimento operário. É a única forma de superar armdilha que a burocracia colocou às grandes mobilizações dos jóvens e trabalhadores nos últimos anos levando a muitas derrotas ou, quando a magnitude do movimento o impediu, a meros retrocessos parciais que não reverteram a queda do nível de vida da população e que agora se acelerou fortemente com a crise, e permitindo depois ao governo de plantão retomar a ofensiva.
Concluindo, o caráter político da ação agudiza mais que nunca os problemas de programa, estratégia e direção dos assalariados para dar continuidade às ações e elevá-las a um enfrentamento “tout court” contra o regime, o governo e a França dos grandes capitalistas e banqueiros.
Só desse modo, confiando em suas próprias forças e organização, desconfiando dos falsos amigos que agora se aproximam de suas marchas para tentar capitalizar o descontentamento, como a direção do Partido Socialista (que já demonstrou no passado que quando governa, não tem diferença com a direita e agora só quer se relocalizar frente às próximas eleições européias e o crescimento da “extrema esquerda”), poderão os trabalhadores e jóvens franceses derrotar Sarkozy e seu plano que busca que os trabalhadores paguem, mais uma vez, pela crise.
Socialismo oportunista e populista dos presidentes de centro-esquerda
*Cinco presidentes e um segredo* - Jeferson Choma da redação do Opinião Socialista Para Chávez, Lula, Evo, Correa e Lugo, o socialismo é para ser lembrado em dias de festas • Cinco presidentes latino-americanos participam ontem, dia 29 de janeiro, do debate sobre a crise da economia e o futuro do continente, durante o Fórum Social Mundial. Além de Lula, estiveram os presidentes Hugo Chávez, da Venezuela; Evo Morales, da Bolívia; Fernando Lugo, do Paraguai; e Rafael Correa, do Equador. Os presidentes dirigiram muitas críticas ao capitalismo e às potências imperialistas, taxadas como responsáveis pela atual crise econômica. Diante de um auditório de 8 mil pessoas, Lula criticou a desregulamentação do mercado e disse que o "Deus mercado" quebrou por "falta de controle". O presidente ainda criticou os defensores do neoliberalismo e de um Estado com pouca presença na economia. Segundo ele, aqueles que faziam críticas a presença do Estado na economia agora defendem que ele deve socorrer os bancos e às empresas em crise. O que Lula não disse, porém, é que o seu governo fez o mesmo e não hesitou em socorrer os lucros dos banqueiros e patrões. Em outubro, o governo liberou um megapacote de R$ 160 bilhões ao sistema financeiro e mais R$ 19 bilhões aos empresários. *Socialismo* Já Evo Morales, Lugo, Chávez e Correa defenderam a criação de uma nova ordem e a adoção do "socialismo do século 21" em alternativa ao capitalismo. Mas afinal de que "socialismo" falam estes senhores? Já virou lugar comum a suposta "defesa do socialismo" realizada por esses presidentes, especialmente para dias festivos, repletos de ativistas de esquerda. Mas apesar dos emplumados discursos, todos eles preservam e respeitam a ordem econômica capitalista em seus respectivos países. Sua retórica se encontra bem distante da prática. Todos asseguram a manutenção da propriedade privada dos meios de produção. Com o "socialismo do século 21", as multinacionais continuam explorando as principais fontes de riquezas naturais destes países, com a mesma sangria de recursos que os governos anteriores proporcionavam. Na Venezuela, por exemplo, petroleiras como Exxon Mobil, Chevron Texaco e Repsol continuam controlando o petróleo, associadas agora à PDVSA, a estatal petroleira venezuelana. A política econômica do governo Chávez ainda está voltada aos interesses da burguesia do país. Uma prova é o chamado por um "reimpulso produtivo", feito a um público formado por industriais e banqueiros. O plano acaba com o Imposto a Transações Bancárias. Um grande benefício para empresários e banqueiros, que deixaram de pagar cerca de US$ 3 bilhões. A ajuda veio antes mesmo da crise econômica. Numa rápida entrevista a imprensa, logo após o encerramento do evento, Chávez declarou: *"Serão 50 milhões de empregos que irão se perder em todo mundo, segundo as cifras mais conservadoras, não tanto na Venezuela porque estamos no socialismo e faz pouco tempo que a Venezuela se desenganchou do capitalismo internacional dirigido pelos Estados Unidos"*, afirmou. Mais uma vez, a realidade desmente as palavras de Chávez. Oficialmente, segunda noticia a Agência Bolivariana de Notícias, a taxa de desemprego no país é de 6%, e a informalidade atinge pelo menos metade da população. Enquanto Chávez dizia que seu socialismo impedirá o desemprego, dois trabalhadores da Mitsubishi morreram lutando<http://www.pstu.org.br/internacional_materia.asp?id=9647&ida=0>contra as demissões na Venezuela. Armados com fuzis, a polícia ocupou a fábrica lançando uma chuva de balas e bombas de gás lacrimogêneo. A Agência Bolivariana não noticiou. O governador do Estado, do PSUV, batizou o seu governo de "revolucionário", o mesmo governo ao qual os policiais estão subordinados. A ocupação mostra que a Venezuela não está imune a crise. A queda dos preços do petróleo poderá agravar ainda mais a situação econômica do país, já bastante abalada pela inflação e a falta de alimentos. Como Chávez vai agir diante do recrudescimento das lutas dos trabalhadores na defesa de seus empregos? * * *Ventos da mudança?* Evo Morales provocou aplausos quando lembrou da aprovação da nova Constituinte boliviana. Mas esconde que a Constituição que foi ao referendo nasceu de um pacto com a reacionária burguesia do país, que assassina indígenas em Santa Cruz. Seu conteúdo incorporou as principais exigências da burguesia das províncias da chamada meia lua: autonomia, ou seja, maior controle sobre os recursos naturais nas suas regiões e, claro, garantia de que seus latifúndios seguirão intactos. Correa, outro defensor do "socialismo do século 21", defendeu o fim da exclusão dos povos indígenas originários e o fim da rapina dos recursos naturais do continente pelas multinacionais. No entanto, deve explicar porque a principal entidade indígena do Equador, a CONAIE, o acusa em carta aberta no Fórum de por ignorar direitos fundamentais dos povos indígenas, reprimir violentamente e atacar seus territórios, debaixo do discurso do "socialismo do século XXI". Fernando Lugo disse que levará os ventos da mudança para o Paraguai. Mas não há nenhuma mudança para os camponeses pobres do país que agora são reprimidos pelas forças do governo "progressista". A repressão no campo se abate de forma cruel. Empobrecidas, as massas camponesas lançam-se desesperadamente em luta por seu direito a um pedaço de terra. A reação do governo e do agronegócio vem sob disparos. Em outubro do ano passado, um dirigente camponês, Bienvenido Melgarejo, tombou morto após levar um tiro no peito durante uma feroz repressão policial contra uma ocupação situada em Colônia Guarani, no Alto Paraná. Uma das consequências da crise econômica internacional é levantar o debate entre a esquerda para um terreno estratégico. Toda a panacéia neoliberal entoada por anos, de que o socialismo morreu e de que o capitalismo seria a única alternativa, derrete com a economia capitalista. Mas não é a primeira vez que se abusa da palavra "socialismo". No século passado, a social-democracia a utilizou para ocultar seu programa de reformar o capitalismo. Depois a utilizou para reconstruir o capitalismo na Europa devastado no pós-guerra. Mas ninguém abusou mais do que o stalinismo que se utilizou do "socialismo" para justificar seus crimes, assassinatos e acordos com o imperialismo. Agora, os governos "progressistas" latino-americanos usam o socialismo como roupa de gala em dias de festa, para garantir o verniz de esquerda e se contrapor à crise do neoliberalismo. A experiência histórica mostra que só existe um caminho para o socialismo: o fim da propriedade privada dos meios de produção, base que sustenta a existência da burguesia. Só assim é possível suprimir a busca do lucro por parte da burguesia, força motriz da produção capitalista, e organizar a economia para satisfazer as necessidades dos trabalhadores. Pra enfrentar realmente a crise do capitalismo, é preciso bem mais do que palavras. É preciso romper com os seus verdadeiros aliados: banqueiros, empresários e multinacionais.
Trabalho de luto
Relatório da OIT sobre a América Latina e anúncios de demissões nos EUA, na Europa e no Japão apontam para o derretimento dos níveis de emprego em escala global RICARDO ANTUNES ESPECIAL PARA A FOLHA
Começam a ficar mais claros os contornos e as primeiras consequências da crise que vem liquefazendo o sistema do capital em escala global. O Fórum de Davos (Suíça) "começa com executivos em pânico" (Dinheiro, 28/1). Lá, onde estão reunidos representantes das "classes verdadeiramente perigosas", os executivos globais contabilizam o que já é incontável e mergulham numa crise de proporções alarmantes. Enquanto isso, no outro canto do mundo, em Belém, o Fórum Social Mundial ganha uma impulsão extra. Isso porque ele vem, desde 2001, denunciando a lógica destrutiva dominante. Se ainda não foi capaz de oferecer um projeto societal alternativo e global para o mundo, contrário aos imperativos do capital, muitos de seus partícipes sabem que o capitalismo é o responsável pela (des)sociabilidade vigente e suas mazelas. Esse sistema poderá até ser ainda mais longevo, mas será sempre empurrado no tranco. Ora definhando o Estado ao mínimo (no que tange à sua dimensão pública), ora tendo surtos intervencionistas, como este que se abateu no governo de George W. Bush e de seus epígonos. Mas a crise vive um ciclo prolongado, datado do início dos anos 1970. Começou destroçando os países do Terceiro Mundo. Um a um, Brasil, Argentina, México, Uruguai, Colômbia, para ficarmos somente em alguns exemplos da América Latina, foram mergulhados no estancamento e na recessão, o que fez desmoronar o pouco que esses países construíram no capítulo dos direitos sociais do trabalho. Mas isso foi só o começo: depois foi a vez, no fim dos anos 1980, de levar à bancarrota o chamado "socialismo real" (União Soviética e o restante do Leste Europeu). Menos do que expressão do "fim do socialismo", esse fato antecipava uma nova etapa da crise do próprio capital. No olho do furacão No presente, depois do seu epicentro ter passado pelos principais países capitalistas (Japão, Alemanha, Inglaterra e França), chegou ao coração do sistema: os EUA estão agora no olho do furacão. E, com isso, uma vez mais se acentua o caráter pendular do trabalho. Nos países que vivenciaram traços do Estado de Bem-Estar Social, especialmente na Europa social-democrática, o dilema se colocou (ainda que sem tocar na raiz do problema) entre trabalhar menos e viver as benesses do ócio, curtindo o "tempo livre" (vale a indagação: será mesmo tempo livre, sem aspas?). Trabalhar menos, para todos viverem uma vida melhor, tornou-se consigna forte. Mas na América Latina (e o mesmo vale para a Ásia e a África) a dilemática tem uma profundidade ainda maior. Neste verdadeiro continente do labor, o pêndulo é ainda mais ingrato em seus dois polos opostos: ele oscila entre trabalhar ou não trabalhar; entre encontrar labor ou soçobrar no desemprego. Mais precisamente, entre sobreviver ou experimentar a barbárie, pois o Estado de Bem-Estar Social sempre andou muito longe daqui. Migalhas No meio do caminho, uma massa monumental de assalariados vivenciando uma precarização estrutural do trabalho em escala continental. Crianças, negros, índios, homens e mulheres trabalhando no fio da navalha. Conforme recordou Mike Davis, em seu "Planeta Favela" [ed. Boitempo], "não é raro encontrar [na América Central] empregadas domésticas de sete ou oito anos com jornadas semanais de 90 horas e um dia de folga por mês" ("Child Domestics", Domésticas Infantis, relatório da Human Rights Watch de 10/6/2004). Com a crise, o quadro se agrava: no recentíssimo "Panorama Laboral para América Latina e Caribe - 2008" (Organização Internacional do Trabalho, 27/1), o cenário social apresentado é de tal gravidade que beira a devastação. Se o desemprego diminuiu nos últimos cinco anos, o relatório da OIT antecipa que, "devido à crise, até 2,4 milhões de pessoas poderão entrar nas filas do desemprego regional em 2009", somando-se aos quase 16 milhões já desempregados (sem falar no "desemprego oculto", nem sempre captado pelas estatísticas oficiais). Ou seja, o que se conquistou em migalhas, a crise derreteu no último trimestre de 2008. Se, no centro do sistema, têm-se as maiores taxas de desemprego das últimas décadas, no continente latino-americano esse quadro se agudiza. Na maioria dos países houve retração salarial; as mulheres trabalhadoras têm sido mais afetadas, com taxa de desemprego 1,6 vez maior que os homens, e o desemprego juvenil, em 2008, em nove países, foi 2,2 vezes maior do que a taxa de desemprego total. A informalidade, que era exceção no passado, torna-se a regra. Flexibilidade No Brasil, a "marolinha" já desempregou milhares de trabalhadores na indústria, nos serviços e na agroindústria (atingindo até o etanol do trabalho semiescravo)domingo, 1 de fevereiro de 2009
Líder do nacional-bolcheviques é preso na Russia
Rússia O líder do partido nacional-bochevique foi detido de forma violenta este sábado em Moscou 31/01 14:15 CET
Edouard Limonov tentava organizar uma manifestação não autorizada para exigir a demissão do primeiro-ministro Vladimir Putin. A manisfestação foi a primeira de uma série de protestos programados para hoje. A crise económica levou milhares de pessoas descontentes às ruas de várias cidades russas para contestar as políticas do Governo. Em Vladivostok o Partido Comunista mobilizou três mil manifestantes entre os quais se encontravam militantes de outras formações. Ao mesmo tempo, um número maior de apoiantes do partido no poder, o Rússia Unida, manifestava-se na mesma cidade. O protesto realizou-se na presença de dirigentes locais e proclamavam o apoio a Putin. Tem o video lá pra conferir : http://www.euronews.net/pt/article/31/01/2009/anti-government-protests-in-russiaterça-feira, 20 de janeiro de 2009
EUA - Obama perante os escombros
*Estados Unidos - Obama perante os escombros* - por Serge Halimi<http://pt.mondediplo.com/spip.php?auteur56> A entrada em funções de Barack Obama vai confirmar uma tripla ruptura. Em primeiro lugar, uma ruptura política. É a primeira vez desde 1965 que um presidente democrata inicia o mandato num contexto de fraqueza, ou até de desgraça, das forças conservadoras. Em 1977, Jimmy Carter venceu, sobretudo – e por pouca margem – graças à promessa de uma renovação moral *(«Eu nunca vos mentirei»)*, na seqüência do escândalo de Watergate, tendo a sua presidência sido marcada por uma política monetarista e pelas primeiras grandes medidas de desregulamentação; em 1993, Bill Clinton apresentou-se como o homem que iria «modernizar» o Partido Democrata recuperando muitas idéias republicanas (pena de morte, ataque às proteções sociais, austeridade financeira). Em seguida, uma ruptura econômica. O neoliberalismo à moda de Reagan deixou de ser defensável até para os que eram seus partidários. George W. Bush admitiu-o *«com muito gosto»* durante a última conferência de imprensa que deu como presidente, na segunda-feira dia 12 de Janeiro: *«Pus de lado alguns dos meus princípios liberais quando os meus conselheiros econômicos me informaram que a situação que íamos enfrentar podia ser pior do que a Grande Depressão* (a crise de 1929)*»*. Dizer *«pior»* é apesar de tudo um pouco exagerado, tendo em conta o quanto a crise de 1929 fez fermentar «as vinhas da ira» e o quão pouco faltou para o país mergulhar no caos. Ainda assim, 2008 termina com uma perda de 2,6 milhões de empregos nos Estados Unidos, 1,9 milhões dos quais apenas nos últimos quatro meses do ano, o que representa o pior desempenho desde 1945 e bem pode ser designado como uma queda livre. Isso ainda poderia passar se as contas estivessem equilibradas e existisse uma possibilidade ilimitada de recuperação através do endividamento, mas a realidade é outra. O déficit orçamental vai atingir este ano 1,2 bilhões de dólares e 8,3 por cento do produto nacional bruto (PNB). Também neste caso, o número é tão mau que impressiona: além de ultrapassar os maus resultados da era Reagan (6% em 1983), assinala uma triplicação do déficit de um ano para outro. E, para piorar a situação, cada dia parece anunciar uma nova falência bancária. Por fim, uma ruptura diplomática. Sem dúvida que, desde a Segunda Guerra Mundial, a imagem dos Estados Unidos no mundo nunca esteve tão degradada. A maioria dos países considera muitas vezes em percentagens esmagadoras, que a superpotência americana desempenha um papel negativo nas questões mundiais. Iraque, Médio Oriente Afeganistão: o *status quo* é de tal modo ruinoso e mortífero que parece inconcebível. De resto, Obama começou a campanha em 2007 invocando a necessidade de uma retirada do Iraque e foi graças a essa insistência que venceu Hillary Clinton – sua futura secretária de Estado… – nas primárias democratas. O calendário dessa retirada parece, todavia, estar já a opor o presidente eleito (mais impaciente) e os militares (mais *«prudentes»* [1<http://pt.mondediplo.com/spip.php?article438#nb1>]). Mas a impaciência do primeiro não se explica minimamente por uma disposição pacifista, decorrendo, sobretudo da vontade de Obama de deslocar para o Afeganistão uma parte das tropas retiradas do Iraque. Ora, não é certo que as perspectivas de atolamento sejam menores em Cabul do que em Bagdá… Politicamente, o novo presidente tem as mãos livres. A paisagem de escombros que herda vai condenar os seus adversários políticos a uma certa contenção. A sua eleição, amplamente conseguida, beneficiou do entusiasmo das forças vivas da nação, e em particular dos jovens. Por fim, tal como é em grande medida sugerido pelos dossiês especiais, muitas vezes hagiográficos, que a imprensa do mundo inteiro está a dedicar a Obama, a esperança suscitada pela sua chegada à Casa Branca é imensa. Isso não se explica apenas pelo fato de o presidente dos Estados Unidos ser negro. De repente, a «marca América» está novamente de pé. Algumas decisões com forte dimensão simbólica relativas ao encerramento de Guantanamo e à proibição da tortura vão fortalecer esta impressão de se estar numa nova era. *«Devemos ser igualmente diligentes a conformarmos-nos aos nossos valores e a proteger a nossa segurança»*, anunciou o novo presidente. As dificuldades vão começar em seguida. Não basta regar a economia americana com liquidez para que a máquina econômica e o emprego voltem a pôr-se em movimento. A preocupação da população quanto ao futuro é tão grande que, em vez de se aprestar a consumir mais, poupa mais do que nunca [2<http://pt.mondediplo.com/spip.php?article438#nb2>]. A taxa de endividamento das famílias, que desde 1952 estava em constante aumento, registrou o primeiro recuo no terceiro trimestre do ano passado. Ora, o que é seguramente desejável a médio e a longo termo vem colocar em perigo o relançamento rápido que a nova equipa da Casa Branca prevê conseguir através do consumo e do endividamento. *«Se não fizermos nada, esta recessão pode durar anos»*, preveniu Obama, desejoso de que o seu programa de despesas suplementares de 775 mil milhões de dólares, composto por despesas públicas e diminuições de impostos, seja adotado o mais depressa possível pelo Congresso. Será este programa suficiente? Alguns economistas democratas como Paul Krugman consideram-no insuficiente e mal concebido [3 <http://pt.mondediplo.com/spip.php?article438#nb3>]. A situação internacional também não parece prestar-se a resultados imediatos. Deliberadamente ou não, os dirigentes israelitas colocaram o seu grande aliado perante um fato consumado – uma guerra particularmente impopular no mundo árabe – e obrigaram o novo presidente a dedicar-se imediatamente a um dossiê minado que não era de forma alguma uma sua prioridade. A parcialidade que Obama poderá demonstrar nesta situação, uma vez que já ninguém imagina que os Estados Unidos possam vir a defender uma posição equilibrada no Médio Oriente, poderá enfraquecer muito depressa a sua popularidade internacional. Contudo, nem tudo se resume a um homem, mesmo que novo. Até porque a novidade é muito menos visível quando se examina as escolhas feitas por Obama para o seu gabinete. Se há uma ministra do Trabalho próxima dos sindicatos, Hilda Solis, que promete uma ruptura com as políticas anteriores, há também uma ministra dos Negócios Estrangeiros, Hillary Clinton, cujas orientações diplomáticas cortam menos com o passado, e um ministro da Defesa, Robert Gates, simplesmente herdado da administração Bush. Quanto à diversidade da equipa, não é seguramente de natureza sociológica. Entre as trinta e cinco primeiras nomeações de Obama contam-se vinte e dois diplomados por uma universidade de elite americana ou por um distinto colégio universitário britânico… Faz lembrar um pouco o regresso à «competência», aos *«best and brightest»* (os melhores e os mais brilhantes) da administração Kennedy-Johnson. A imodéstia que caracteriza este gênero de indivíduos condu-los por vezes a fazerem presunções sobre as suas forças e a tornarem-se os arquitetos de catástrofes planetárias, como se observou durante a Guerra do Vietnam. Nos tempos que correm, a ameaça mais temível nos Estados Unidos é o atolamento «centrista» e não a audácia do *«Yes, we can»*. domingo 18 de Janeiro de 2009 Notas [1 <http://pt.mondediplo.com/spip.php?article438#nh1>] Ler «Timetable for Iraq too slow for Obama», *International Herald Tribune*, 15 de Janeiro de 2009. [2 <http://pt.mondediplo.com/spip.php?article438#nh2>] Cf. «Hard-Hit Families Finally Start Saving, Aggravating Nation's Economic Woes<http://online.wsj.com/article/SB123120525879656021.html>», *The Wall Street Journal*, 6 de Janeiro de 2009. [3 <http://pt.mondediplo.com/spip.php?article438#nh3>] Paul Krugman, «The Obama Gap <http://www.nytimes.com/2009/01/09/opinion/09krugman.html>», *The New York Times*, 8 de Janeiro de 2009.