sábado, 2 de julho de 2011

A geopolítica angloamericana

A geopolítica angloamericana

1/7/2011 12:14,  Por José Luís Fiori
O que diferencia a geopolítica anglo-americana é a sua pergunta fundamental: “que partes do mundo há que controlar, para dominar o mundo?”. Há, entretanto, uma grande incógnita no horizonte geopolítico anglo-americano. Uma vez conquistado o poder global, é indispensável expandi-lo, para mantê-lo. Mas, para onde expandi-lo?
“Venho hoje reafirmar uma das mais antigas, uma das mais fortes alianças que o mundo já viu. Há muito é dito que os Estados Unidos e a Grã Bretanha compartilham uma relação especial.”
Presidente Barack Obama: “Discurso no Parlamento Britânico”, em 25 de maio de 2011.
Existe uma idéia generalizada de que a Geopolítica é uma “ciência alemã”, quando na verdade ela não é nem uma ciência, nem muito menos alemã. Ao contrário da Geografia Política, que é uma disciplina que estuda as relações entre o espaço e a organização dos estados, a Geopolítica é um conhecimento estratégico e normativo que avalia e redesenha a própria geografia, a partir de algum projeto de poder específico, defensivo ou expansivo. O “Oriente Médio”, por exemplo, não é um fenômeno geográfico, é uma região criada e definida pela política externa inglesa do século XIX, assim como o “Grande Médio Oriente”, é um sub produto geográfico da “guerra global ao terrorismo”, do governo Bush, do início do século XXI.
Por outro lado, a associação incorreta, da Geopolítica com a história da Alemanha, se deve a importância que as idéias de Friederich Ratzel (1844-1904) e Karl Haushofer (1869-1946) tiveram – direta ou indiretamente – no desenho estratégico dos desastrosos projetos expansionistas da Alemanha de Guilherme II (1888-1918) e de Adolf Hiltler (1933-1945). Apesar disto, as teorias destes dois geógrafos transcenderam sua origem alemã, e idéias costumam reaparecer nas discussões geopolíticas de países que compartilham o mesmo sentimento de cerco militar e inferioridade na hierarquia internacional. Mas a despeito disto, foi na Inglaterra e nos Estados Unidos que se formularam as teorias e estratégias geopolíticas mais bem sucedidas da história moderna.
Sir Walter Raleigh (1554-1618), conselheiro da Rainha Elizabeth I, definiu no fim do século XVI, o princípio geopolítico que orientou toda a estratégia naval da Inglaterra, até o século XIX. Segundo Raleigh, “quem tem o mar, tem o comércio do mundo, tem a riqueza do mundo; e quem tem a riqueza do mundo, tem o próprio mundo”. Muito mais tarde, quando a Marinha Britânica já controlava quase todos os mares do mundo, o geógrafo inglês, Halford Mackinder (1861-1947), formulou um novo princípio e uma nova teoria geopolítica, que marcaram a política externa inglesa do século XX. Segundo Mackinder, “quem controla o “coração do mundo” comanda a “ilha do mundo”, e quem controla a ilha do mundo comanda o mundo”.
A “ilha do mundo” seria o continente eurasiano, e o seu “coração” estaria situado – mais ou menos – entre o Mar Báltico e o Mar Negro, e entre Berlim e Moscou. Por isto, para Mackinder, a maior ameaça ao poder da Inglaterra, seria que a Alemanha ou a Rússia conseguissem monopolizar o poder dentro do continente eurasiano. Uma idéia-força que moveu a Inglaterra nas duas Guerras Mundiais, e que levou Winston Churchill a propor – em 1946 – a criação da “Cortina de Ferro” que deu origem a Guerra Fria.
Do lado norte-americano, o formulador geopolítico mais importante da primeira metade do século XX, foi o Almirante Alfred Mahan (1840-1914), amigo e conselheiro do Presidente Theodor Roosevelt, desde antes da invenção da Guerra Hispano-Americano, no final do século XIX. A tese geopolítica fundamental de Mahan, sobre a “importância do poder naval na história”, não tem nenhuma originalidade. Repete Walter Raleigh, e reproduz a história da Marinha Britânica. E o mesmo acontece com as idéias de Nicholas Spykman (1893-1943), o geopolítico que mais influenciou a estratégia internacional dos EUA na segunda metade do século XX.
Spykman desenvolve e muda um pouco a teoria de Mackinder, mas chega quase às mesmas conclusões e propostas estratégicas. Para conquistar e manter o poder mundial, depois da Segunda Guerra, Spykman recomenda que os EUA ocupem o “anel” que cerca a Rússia, do Báltico até a China, aliando-se com a Grã Bretanha e a França, na Europa, e com a China, na Ásia . No cômputo final, o que diferencia a geopolítica anglo-americana é a sua pergunta fundamental: “que partes do mundo há que controlar, para dominar o mundo”. Ou seja, uma pergunta ofensiva e global, ao contrário dos países que se propõem apenas a conquista e o controle de “espaços vitais” regionais. Além disto, a Inglaterra e os EUA ganharam, e no início do século XXI, mantém sua aliança de ferro com o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia: derrotaram e cercaram a Rússia; mantém seu protetorado atômico sobre a Alemanha e o Japão; expandiram sua parceria e seu cerco preventivo da China; estão refazendo seu controle da África; e mantém a América Latina sob a supervisão da sua IVº Frota Naval. E acabam de reafirmar sua decisão de manter sua liderança geopolítica mundial.
Existe, entretanto, uma grande incógnita no horizonte geopolítico anglo-americano. Uma vez conquistado o poder global, é indispensável expandi-lo, para mantê-lo. Mas, para onde expandi-lo?
José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A crise terminal do capitalismo

27.06.11 - Mundo
Crise terminal do capitalismo.
 
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital
Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.
A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.
A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.
O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.
Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.
A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.
Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.
As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: "não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.
Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.
[Leonardo Boff é autor de Proteger a Terra-cuidar da vida: como evitar o fim do mund, Record 2010

O mantra da educação

O mantra da “educação”

Thomas Sowell

Um dos tristes e perigosos sinais de nossos tempos é a quantidade de pessoas fascinadas e escravizadas por palavras, mas que não se preocupam com o exame das realidades por trás dessas palavras.



terça-feira, 28 de junho de 2011

Migalhas aos trabalhadores nos Correios

Correios: a campanha salarial dos traidores da Fentect
Migalhas para os trabalhadores
A proposta de reajuste de 24% aprovada no Conrep dos traidores não dá nem para compensar o fraudado acordo bianual, que deixou a categoria sem aumento por dois anos

23 de junho de 2011
O bloco traidor PT-PCdoB no 30º Conrep (Conselho de Representantes da Federação) para afirmar sua política de defesa da direção da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) propôs um miserável índice salarial de 24% para a campanha salarial dos trabalhadores dos Correios desse ano.
O reajuste apresentado pelos traidores foi aprovado pela plenária do Conrep, composta em sua maioria pelo bloco PT-PCdoB. A reivindicação é uma piada contra a categoria que está há dois anos sem aumento salarial.
Por conta do fraudado acordo bianual, aprovado contra a vontade dos trabalhadores em 2009, a categoria recebeu 0,1% de reajuste em 2010, além de ter ficado sem luta por dois anos. O golpe do acordo bianual, no qual direção da empresa e sindicalistas do PT e do PCdoB estiveram juntos, foi uma fraude escandalosa. Foi necessária a intervenção direta da direção da empresa e de chefes para fraudar assembléias e a assinar o acordo.
Nessa campanha salarial, os planos da empresa são ainda piores, devido ao aumento da crise econômica no País, que exige que os patrões aumente a exploração dos trabalhadores, mas principalmente devido ao plano de privatização dos Correios.
A direção da ECT, com a ajuda do Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e Psol), quer um acordo salarial pior do que o de 2009. É necessário aumentar os ataques contra a categoria para impor a privatização dos Correios e assim, garantir os lucros dos abutres internacionais que estão colocando as mãos nos Correios.
Por isso, o Conrep, domina pelo bloco traidor, aprovou essa proposta miserável para os trabalhadores.
O PSTU, por sua, como cobertura da traição, propôs um reajuste também miserável de 34,18%, que não foi aprovado. O reajuste proposto pelo PSTU quase não se diferencia do aprovado pelo bloco PT-PCdoB, já que os 24% aprovados não incluem as perdas da inflação.
É importante ressaltar também que a migalha proposta pelo PSTU é menos do que os 35% reivindicado pela Frente dos 17 sindicatos contrário ao acordo bianual, que se formou após a traição da campanha salarial de 2009. O PSTU, apesar de todo o boicote interno liderado por ele mesmo, também fazia parte do bloco dos 17. Agora, passados dois anos, o PSTU rebaixa até mesmo aquilo que dizia defender, provando que estão completamente alinhados com o bloco traidor na defesa da privatização.
Não foi à toa que o Bando dos Quatro se uniu novamente para defender a direção dos Correios e excluir a oposição nacional Ecetistas em Luta, do PCO.
Os trabalhadores dos Correios não aceitam migalhas. A exploração nos setores de trabalho chegou ao limite. Os trabalhadores devem lutar por 74% de aumento ou greve.

sábado, 25 de junho de 2011

A repressão aos camponenses continua na Amazônia

Intervenção militar na Amazônia
A repressão contra os camponeses continua
O envio de tropas militares apenas reforça o aparelho do Estado, instrumento utilizado pelos latifundiários e madeireiros para reprimir os camponeses

24 de junho de 2011
Há aproximadamente vinte dias, o governo Dilma Rousseff mandou tropas da Força Nacional de Segurança e do Exército para a região amazônica. A desculpa do governo era que a intervenção federal serviria como um instrumento para por fim ao massacre de camponeses colocado em prática por milícias financiadas por latifundiários e madeireiros. Somente na segunda quinzena de maio foram assassinados quatro importantes líderes camponeses da região.
Desde o primeiro anúncio da intervenção federal, denunciamos neste jornal que esta se tornaria mais um instrumento de repressão contra os camponeses, pois levaria ao fortalecimento do aparelho do estado, usado com instrumento dos latifundiários contra os camponeses. Dois fatos recentes mostram que a repressão contra os camponeses continua se intensificando mesmo após a chegada das tropas.
O primeiro caso envolve a camponesa Nilcilene Miguel de Lima. Ela recebeu ameaças de um pistoleiro e foi obrigada a fugir de casa para não ser morta. Agora, ela está escondida sob a proteção da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O segundo caso envolve José Batista Afonso, advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, cidade do estado do Pará. Afondo foi condenado no dia 20 de junho há uma pena de um ano e 11 meses de prisão. A condenação ocorreu por causa de uma ocupação de terras em 1999. Ou seja, enquanto os mandantes e os criminosos que estão promovendo um massacre estão impunes, as pessoas que defendem a luta pela reforma agrária são condenadas.
Estes dois fatos desmascaram um dos argumentos do governo que usou como justificativa para o envio das tropas a desculpa de que “o Estado está ausente naquela região”. Na verdade, o Estado se mostra presente na região, mas apenas quando se trata de reprimir a luta dos camponeses, como ficou claro no caso da condenação do advogado da CPT.
Por outro lado, a Força Nacional de Segurança e as Forças Armadas não está no local para garantir a segurança dos camponeses e mesmo que estivesse os fatos mostram que ela é completamente incapaz de defender a população. Os camponeses continuam sendo ameaçados, como comprova o caso da camponesa Nilcilene Miguel de Lima, descrito anteriormente nesta matéria
Um detalhe importante é que diante da ameaça de morte, Nilcilene teve que recorrer à proteção da Comissão Pastoral da Terra. Ou seja, foi a CPT, quem foi proteger a camponesa contra a ameaça de morte, e não o governo.
Diante disso só nos restam duas conclusões. A Força Nacional de Segurança não está na região amazônica para evitar o massacre e os camponeses devem apostar nas suas próprias forças para conter a ofensiva dos latifundiários e madeireiros.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Os donos da educação

Os donos da educação

Percival Puggina
Li, recentemente, artigo criticando os que se aventuram a opinar sobre Educação sem o preparo acadêmico específico. Educação, a exemplo de outras ciências, segundo aquele texto, somente poderia ser abordada, com propriedade, por profissionais da área. Traduzindo: cada macaco no seu galho.



Sindicalistas de oposição dos Correios em crise e o PSTU aliado ao PT-PC do B.

Liquidação total
Sindicalistas de oposição também estão sendo comprados pela direção da ECT e a burocracia do PT-PCdoB
Dirigentes sindicais do MRL e da ASS, que faziam parte da oposição ao acordo bianual nos Correios, estão recebendo cargos de chefia nos Correios e o PSTU está recebendo de presente o reconhecimento de uma nova federação anã, para garantir cargos e liberações

22 de junho de 2011


Para colocar em prática o maior ataque contra os trabalhadores dos Correios, o governo e a direção da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) promovem um verdadeiro mercado de compra e venda de sindicalistas. Somente desde que o governo do PT chegou ao poder, em 2003, contas aproximadas apontam que cerca de 500 dirigentes sindicais ganharam cargos de chefia na empresa, em troca da traição dos cem mil trabalhadores ecetistas.
Há uma lista enorme de ex-sindicalistas que compõem, nesse momento, inclusive posições que os colocam diretamente em oposição aos trabalhadores. Muitos desses ex-sindicalistas fazem parte das mesas de negociação da empresa contra a categoria. O caso mais recente foi a comissão de negociação da ECT sobre a PLR, que era composta praticamente toda de ex-sindicalistas que receberam cargos, inclusive diretorias regionais. Estão parasitas dos trabalhadores foram comprados pelos patrões para atacar os trabalhadores.
A maior parte desses ex-sindicalistas compõe a base de sustentação do governo do PT. São principalmente sindicalistas da Articulação Sindical/PT e do PCdoB.
Essa ofensiva é parte dos planos para paralisar o movimento sindical através da corrupção desses dirigentes sindicais.
Após a assinatura do acordo bianual em 2009, assinado pelos traidores do PT e do PCdoB contra a vontade dos trabalhadores, em conluio com a direção da empresa, o esquema de corrupção desses sindicalistas se tornou algo escancarado e escandaloso. As demonstrações quase explícitas de corrupção, serviu como um fator de enorme desmoralização desses sindicalistas, que nesse momento atravessam uma crise terminal dentro do movimento sindical dos Correios.
Tal desmoralização está obrigando a empresa a partir para a compra de sindicalistas da oposição. Com a fraude do acordo bianual, formou-se um bloco de oposição do qual participavam 17 sindicatos e alguns grupos políticos. O risco de que esse bloco de oposição fizesse desmoronar de vez o regime estabelecido dentro da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios), haja vista que a oposição estava praticamente em pé de igualdade em relação à maioria da federação (Articulação/PT e PCdoB), obrigou a empresa a destruir esse bloco de 17 sindicatos através da compra dos sindicalistas da oposição.

Oposição à venda


Dentre os principais grupos que formavam o bloco dos 17 sindicatos, dois deles MRL (Movimento Resistência e Luta) e ASS (Alternativa Sindical Socialista), ambos compostos majoritariamente por militantes do PT, têm alguns de seus dirigentes recebendo cargos na ECT.

Para citar apenas alguns exemplos. É público que o representante do MRL no comando de negociação da PLR, chamado Nilson Rodrigues dos Santos, presidente do Sindicato do Paraná, tem um cargo prometido na empresa. Nilson assinou a PLR miserável dos trabalhadores, estabelecendo critérios para punir duas vezes a categoria.
Uma das representantes da ASS, que chegou a fazer parte do bloco dos 17, foi a sindicalista conhecida pelo apelido de “Lourdinha” do Ceará. Lourdinha está fazendo um abaixo-assinado para conseguir um cargo de diretora regional no estado. A vontade de ser patrão é cada vez maior entre aqueles que se diziam de oposição.

A federação anã: o ”PCCS” do PSTU


O PSTU/Conlutas é outro grupo que fez parte do bloco de oposição ao acordo bianual. Esse grupo foi o mais ativo no boicote à frente dos 17 sindicatos que se opuseram ao golpe dado na campanha salarial de 2009, que terminou com a aliança com o próprio secretário-geral da Fentect, José Ivaldo “Talibã”, do PT nas eleições para a diretoria do Sindicato de São Paulo.

Com o fim do bloco dos 17, o PSTU/Conlutas está colocando em prática uma política para dividir a Fentect. Para isso, juntaram meia-dúzia de sindicatos, que não correspondem sequer a 10% da categoria, para formar uma federação anã. Todo o discurso oposicionista fica totalmente apagado, basta um breve olhar sobre a própria atuação do PSTU no último Conrep (Conselho de Representantes da Fentect). O bloco traidor do PT e do PCdoB, não só não se opunha à idéia de que os “grandes oposicionistas” iriam romper com a Fentect, mas também deram de presente para o PSTU os trabalhos da mesa da plenária.
Na realidade, fica claro que há um acordo para que o PSTU possa colocar em prática, com o apoio da empresa e do bloco PT e PCdoB, sua política divisionista. Essa política, o maior crime contra a categoria, vai deixar o bloco dominante na Fentect com uma maioria mais folgada. Isso significa que a divisão vai possibilitar que a burocracia sindical do PT e do PCdoB ganhe um fôlego e alivie a crise que passam nesse momento.
Em troca de favorecer o governo e o bloco traidor para que coloquem em prática a privatização dos Correios e os maiores ataques contra os trabalhadores, o PSTU/Conlutas vai ganhar o reconhecimento de sua nova federação anã, com mais liberações sindicais, verbas dos sindicatos e cargos para distribuir entre os seus. É o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS) do PSTU: ao invés de lutar em defesa dos interesses dos trabalhadores, lutam para conseguir mais vantagens para seus “sindicalistas”
A nova federação, apoiada pela direção da ECT e pelos traidores, é a versão “esquerdista” da compra e venda de sindicalistas. O PSTU quer paralisar toda a luta dos trabalhadores contra a privatização em troca de seus interesses particulares. É uma verdadeira liquidação de sindicalistas.