Intervenção militar na Amazônia
A repressão contra os camponeses continua
A repressão contra os camponeses continua
O envio de tropas militares apenas reforça o aparelho do Estado, instrumento utilizado pelos latifundiários e madeireiros para reprimir os camponeses
24 de junho de 2011
Há aproximadamente vinte dias, o governo Dilma Rousseff mandou tropas da Força Nacional de Segurança e do Exército para a região amazônica. A desculpa do governo era que a intervenção federal serviria como um instrumento para por fim ao massacre de camponeses colocado em prática por milícias financiadas por latifundiários e madeireiros. Somente na segunda quinzena de maio foram assassinados quatro importantes líderes camponeses da região. 24 de junho de 2011
Desde o primeiro anúncio da intervenção federal, denunciamos neste jornal que esta se tornaria mais um instrumento de repressão contra os camponeses, pois levaria ao fortalecimento do aparelho do estado, usado com instrumento dos latifundiários contra os camponeses. Dois fatos recentes mostram que a repressão contra os camponeses continua se intensificando mesmo após a chegada das tropas.
O primeiro caso envolve a camponesa Nilcilene Miguel de Lima. Ela recebeu ameaças de um pistoleiro e foi obrigada a fugir de casa para não ser morta. Agora, ela está escondida sob a proteção da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O segundo caso envolve José Batista Afonso, advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, cidade do estado do Pará. Afondo foi condenado no dia 20 de junho há uma pena de um ano e 11 meses de prisão. A condenação ocorreu por causa de uma ocupação de terras em 1999. Ou seja, enquanto os mandantes e os criminosos que estão promovendo um massacre estão impunes, as pessoas que defendem a luta pela reforma agrária são condenadas.
Estes dois fatos desmascaram um dos argumentos do governo que usou como justificativa para o envio das tropas a desculpa de que “o Estado está ausente naquela região”. Na verdade, o Estado se mostra presente na região, mas apenas quando se trata de reprimir a luta dos camponeses, como ficou claro no caso da condenação do advogado da CPT.
Por outro lado, a Força Nacional de Segurança e as Forças Armadas não está no local para garantir a segurança dos camponeses e mesmo que estivesse os fatos mostram que ela é completamente incapaz de defender a população. Os camponeses continuam sendo ameaçados, como comprova o caso da camponesa Nilcilene Miguel de Lima, descrito anteriormente nesta matéria
Um detalhe importante é que diante da ameaça de morte, Nilcilene teve que recorrer à proteção da Comissão Pastoral da Terra. Ou seja, foi a CPT, quem foi proteger a camponesa contra a ameaça de morte, e não o governo.
Diante disso só nos restam duas conclusões. A Força Nacional de Segurança não está na região amazônica para evitar o massacre e os camponeses devem apostar nas suas próprias forças para conter a ofensiva dos latifundiários e madeireiros.
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