Pará
Governo anuncia privatização de mais de 210 mil hectares da Amazônia
O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou nessa semana o edital de concessão de mais de 210 mil hectares de florestas públicas, o que significa dizer que uma parcela da Amazônia será entregue para os empresários e latifundiários, mostrando que quando se trata de defender os interesses dos empresários não falta terras, já para os trabalhadores rurais a única resposta da burguesia é o aumento da repressão
29 de outubro de 2010
A burguesia está vendendo o País para os empresários e latifundiários. Na última quarta-feira, 27, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou o edital de concessão de mais 210 mil hectares de florestas públicas, ou seja, anunciou a privatização de mais um lote da Amazônia.
De acordo com a proposta do governo federal, serão oferecidos cinco lotes na Floresta Nacional (Flona) do Anama, no Pará, na região da BR-163, no chamado Arco do Desmatamento da Amazônia Legal. A área há muito vem sendo alvo da investida dos latifundiários, tanto é assim que essa é uma das áreas mais atingidas pelas derrubadas ilegais, isso sem falar nos altíssimos números de assassinatos de sem-terra e indígenas.
A medida além de ser um ataque brutal contra a população, uma vez que visa entregar o patrimônio nacional para as mãos de meia dúzia de empresários, é uma forma de intensificar ainda mais a repressão no campo. O Pará é uma das regiões onde os latifundiários mais assassinam sem-terra, ou seja, uma região de bastante conflito. Sendo assim, a entrega de boa parte da Amazônia para os empresários significará na prática o aumento do poder de fogo do latifúndio e conseqüentemente, o aumento do número de assassinatos contra os trabalhadores rurais.
“Sistema de rodízio”, mais uma medida para favorecer os empresários e fazendeiros
O edital de concessão do Serviço Florestal Brasileiro prevê o sistema de rodízio para a exploração de madeira. O sistema consiste em lotear a área que será privatizada em pequenas partes que serão exploradas ao longo dos anos. Ou seja, os hectares que serão vendidos para os empresários passarão primeiro por uma divisão, onde os empresários só poderiam explorar um desses lotes por ano.
O objetivo desse rodízio seria, teoricamente, o de garantir a revitalização das áreas que foram exploradas, já que depois de um ano de intenso desmatamento, ela iria “descansar” enquanto que os empresários passariam a destruir outro lote. A lógica apresentada pela burguesia é a de que a área explorada iria se regenera completamente em menos de 30 anos, período que os latifundiários usariam para terminar o rodízio nos lotes.
O sistema bem como o argumento levantado para justificar a medida é de um disparate e cinismo sem tamanho. Não é preciso ser nenhum especialista para saber que é impossível reconstruir uma Amazônia em apenas 30 anos, sem fosse assim todos os problemas ambientais estariam resolvidos de imediato, bastava replantar as áreas e esperar alguns anos para que ela voltasse existir. É óbvio que não é assim ocorre. Não nenhuma novidade o fato de que as arvores que compõe a Amazônia possui centenas de anos, sendo assim é impossível que em trinta anos uma floresta que tem centenas de milhares de anos volte a ser exatamente igual.
O sistema de rodízio é apenas uma forma de tentar enganar a população, criando a ilusão de que a exploração não mudará em nada a situação das florestas, ao contrário, iria concentrar a exploração e acabar com a exploração ilegal. Na verdade, o único objetivo da medida é legalizar a entrega das florestas nacionais para que os empresários possam explorar a área abertamente, sem nenhuma fiscalização. O que os governos burgueses estão fazendo com a Amazônia deve ser amplamente denunciado e combatido pela população. Trata-se de um crime contra a pátria, já que decide entregar até mesmo os bens naturais para os empresários, em especial os estrangeiros, maiores interessados nas terras do Brasil.
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