sábado, 16 de outubro de 2010

militante do Coletivo Marxista critica Dilma e Serra

Pra seguir mudando? Que nossos sonhos transcendam as
urnas!*<http://alemdotrivial.blogspot.com/2010/10/pra-seguir-mudando-que-nossos-sonhos.html>
 
Estamos a alguns dias do segundo turno das eleições parlamentares de 2010,
onde nacionalmente *o país optará entre a candidata petista Dilma Rousseff e
o candidato tucano José Serra para presidi-lo entre os anos de 2011 e 2014*.
2014, ano em que novamente ocorrerá uma Copa do Mundo em solo brasileiro
após 64 anos, evento certamente bastante comemorado por consórcios de
empresas e empreiteiras que lucrarão com as obras e reformas. Quanto será
que estas investiram em campanhas de candidatos nessas eleições?
 
            Ontem à noite, organizado pela Rede Bandeirantes, ocorreu o
primeiro debate entre os presidenciáveis que restaram e pretendo traçar
algumas linhas que avancem além do trivial e do simplismo com que *Serra e
Dilma polarizaram*. O verbo ‘polarizar’ é totalmente inadequado, já que *os
programas políticos apresentados por PT e PSDB assim como suas práticas
atualmente não divergem*.
 
            Enquanto Serra denunciava a ocorrência de onze arrastões no Rio
de Janeiro, Dilma retrucava usando as rebeliões de São Paulo. Parecia até
uma disputa bairrista em determinados momentos. Mas vamos comentar sobre a
(in)Segurança no país. Já li uma frase aproximadamente assim: “metade da
população do mundo não come; outra metade não dorme, com medo da que não
come”. *Como os candidatos poderiam explicar e comentar as maneiras por meio
das quais acabariam com a violência, os homicídios e a criminalidade se os
mesmos estão comprometidos exatamente com o alicerce que origina e
multiplica esses problemas?* É só ladainha e *tró-ló-ló*! A falsa solução
das Unidades de Polícia Pacificadora é alardeada como bem-sucedida no Rio de
Janeiro e é apresentada como política de Governo petista Brasil afora,
enquanto o tucanato burocraticamente apresenta a criação de um Ministério da
Segurança Pública. *Enquanto estiverem mantidas as propriedades privadas dos
meios de produção nas mãos de poucos, sendo fabricada comida suficiente para
alimentar bem mais pessoas do que as existentes na Terra, mas não podendo
ser comprada e consequentemente consumida, teremos violência!*
 
            As miúdas diferenças entre Serra e Dilma era trocadas por meio
de farpas e provocações baratas. O tucano dizia que o PT é duas caras; a
réplica da *fantoche* de Lula cutucava ao afirmar que Serra é 1000 caras.
Parece até piada, mas Dilma esbravejou que o pré-sal é uma riqueza do povo
brasileiro e Serra resgatou seu passado enquanto líder estudantil pela UNE
para explicitar que lutou pelo fortalecimento da Petrobrás. E foi além,
afirmando que como presidente irá reestatizar os Correios, fortalecer o
BNDES e a Petrobrás, diminuindo as terceirizações e os cargos por indicações
políticas. *No que diz respeito às privatizações, foi uma grande
tergiversação!* Serra não respondia sobre a Vale do Rio Doce e a Petrobrax;
e Dilma ignorava as privatizações de bancos e saneamento básico realizadas
em governos petistas, assim como as ações do Banco do Brasil na Bolsa de
Nova York. Tergiversar que foi o verbo preferido da ex-ministra chefe da
Casa Civil, estando nos TTs do twitter. Apesar da erudição do verbo, por
várias vezes a língua portuguesa foi jogada para as calendas, como o “nem
tampouco”. *A disputa pela medalha de ouro apresentada é: qual deles é mais
neoliberal? Qual dos governos apresenta maior serventia para a manutenção da
ordem capitalista? Qual dos candidatos melhor representa a gestão do Estado
burguês?*
 
            Com a ausência dos demais candidatos que estavam no primeiro
turno, o tema da Educação nem apareceu com ênfase, apenas a promessa leviana
de que vai se investir da creche à pós-graduação e blá-blá-blá. *Por que o
veto aos 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação feito por
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi mantido por Luis Inácio Lula da Silva
(PT)? Porque ambos estão comprometidos com os setores privatistas!* Enquanto
Serra atacou os profissionais da Educação em greve em São Paulo, Lula
chantageou as Reitorias por todo o país para impor goela abaixo das
Instituições Federais de Ensino Superior o REUNI. Nos próximos anos,
começaremos a sentir mais claramente os efeitos dessa expansão e
interiorização sem os recursos necessários. Vale destacar que Lula e PT
usaram força policial e aparato institucional para impor esse modelo de
Universidade que não serve à classe trabalhadora!
 
            Nada mais inusitado que o dia 31 de outubro para escolher entre
Dilma Serra e José Rousseff! Dia d@s Brux@s. *Ambas as propostas de governo
defendem interesses de empresários, banqueiros e latifundiários. PT e PSDB,
atualmente, são faces opostas da mesma moeda de um centavo: não valem nada
para a classe trabalhadora!* Uma tristeza ouvir um ritmo tão bacana quanto o
forró ser usado nos *jingles* neoliberais...
 
            Depois de ter ajudado a construir, com muita energia, na minha
primeira eleição em 2002, a vitória da esperança sobre o medo, acompanhei o
Governo Lula/PT aprovar uma Reforma da Previdência prejudicial aos
trabalhadores, impor de maneira fatiada uma Reforma Universitária que
retrocede as conquistas da Educação Pública, se envolver em escândalos de
corrupção, enviar tropas brasileiras em consonância com o imperialismo
estadunidense para explorar e oprimir a população trabalhadora haitiana,
aliar-se a Collor, Sarney e Renan Calheiros etc. Ao longo desses 8 anos, *Lula
se transformou no “cara”, roubando a denominação de Romário, que agora
estará na base aliada do PT no Congresso Nacional.* Em tempos de crescimento
da economia brasileira, Lula propiciou lucros exorbitantes para os
banqueiros; *comprou* a classe média com redução de IPI e meia-dúzia de
concursos públicos; e *amansou* os setores mais pauperizados com políticas
compensatórias como o Bolsa-Família. Obteve sucesso ao impedir o crescimento
de mobilizações, pois *possuía como seus sustentáculos de apoio no seio dos
Movimentos Sociais a Central Única dos Trabalhadores e a União Nacional dos
Estudantes. Cumpriu fielmente o papel de marionete da burguesia
internacionalmente e como prêmio trouxe os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo
para o Brasil.*
 
            Na minha caracterização, tudo leva à vitória de Dilma, conduzida
pela *marola* de popularidade lulista após mais uma crise cíclica do sistema
capitalista, na qual a mídia alardeia que o Brasil saiu-se muito bem. Apenas
um escândalo catastrófico tira a vitória da petista como primeira mulher
presidente do país, que apóia candidatos como o agressor de mulheres Netinho
de Paula e se recusa a defender publicamente a descriminalização do aborto e
sua legalização. *Pra seguir mudando? Como se os 8 anos de Lula tivessem
modificado os rumos dos 8 anos de FHC ou os anos anteriores de Itamar,
Collor e Sarney.* A concentração de riquezas permanece e a barbárie é
sentida pela maioria da população, com péssimas condições de acesso à Saúde
e à Educação, sofrendo com a falta de saneamento básico e o excesso de
violência. *Talvez a única mudança mais profunda tenha sido a troca de um
estilista por um palhaço como o mais votado para a Câmara dos Deputados!*
 
            No *dia 31 de outubro*, nada mais coerente e significativo para
a classe trabalhadora do que *anular o seu voto*, negando as candidaturas de
Serra e Dilma, que são exímios representantes da burguesia e que não servem
aos nossos interesses. *Nossos sonhos não cabem nas urnas e se quisermos uma
efetiva mudança, precisamos construir o Partido Revolucionário e operar a
transformação sonhada e possível de ser materializada: uma sociedade sem
classes; onde não haja mais direitos sem deveres tampouco deveres sem
direitos!*
 
**Gabriel Rodrigues Daumas Marques*
Militante do *Coletivo Marxista* e Professor de Educação Física
 

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