29 de novembro de 2010
As massas já deram sua resposta à primeira onda de ataques às suas condições de vida. O plano que inclui cortes nos orçamentos dos países europeus, ataques à educação pública, à Previdência, rebaixamento salarial, demissão de funcionários públicos etc. encontrou nas ruas de Atenas, Paris, Londres e Lisboa a fúria daqueles que se unificaram em torno a uma idéia simples e direta: “não vamos pagar pela crise que os capitalistas criaram”.
No início deste ano, a imprensa burguesa internacional comemorava a “superação” da crise aberta em 2007/2008 e da subsequente recessão mundial. Cantaram vitória cedo demais. Para que esta recuperação se desse por completo seria necessário, pelo menos, que as praças financeiras, a produção industrial e a troca internacional de mercadorias retomasse os níveis anteriores à eclosão da bolha financeira das hipotecas norte-americanas. Não basta que os indicadores econômicos - mesmo que estejamos tratando apenas dos indicadores econômicos do mercado financeiro e da lucratividade presumida da especulação - parem de cair. Para que haja uma “recuperação”, no sentido pleno da palavra, é preciso que voltem a subir e atinjam os patamares estabelecidos no período de “crescimento” experimentado durante a era “neoliberal” dos anos 90 e da primeira década do século XXI.
Neste terreno, as expectativas alentadas com cuidado por banqueiros, investidores e seus lacaios nos escritórios de grandes jornais e revistas, foram completamente derrotadas. Isto se dá, em grande medida, por dois motivos.
O primeiro deles é que, para promover um “crescimento” da economia sobre bases capitalistas, seria necessário expandir a base consumidora para que os mercados possam desaguar seus estoques cheios e inúteis em função do alto preço cobrado por suas mercadorias. Poucos continuam podendo participar da festa. Boa parte dos que podem hoje, não teriam condições de fazê-lo sem uma boa dose de ajuda estatal.
O segundo motivo é dado pela própria “solução” encontrada pelos capitalistas e seus governos para a crise: enxugar os orçamentos estatais.
A crise atual demonstra, acima de qualquer dúvidas, que não há remendo grande o suficiente para o rombo criado pelos capitalistas. As ilusões de que o regime monopolizado por um punhado de banqueiros e empresários seria a oferta do enriquecimento para toda a população estão sendo total e profundamente desacreditadas pelo colapso dos orçamentos estatais europeus e a falência generalizada da qual bancos e empresas estão ameaçados.
A degringolada da economia baseada no euro e na especulação financeira praticada de maneira criminosa contra os países mais pobres do mundo é um golpe e tanto contra os sonhos dourados de que o capitalismo, apesar de todas as dificuldades, conseguirá superar esta crise, e mais outra, e mais outra... ad infinitum.
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