Crise global do capitalismo se intensifica e europeus querem ampliar o diálogo
5/8/2011 10:44, Por Redação, com agências internacionais - de Londres e São Paulo
A busca por alternativas para conter a crise da dívida europeia levou os líderes políticos da Espanha, da França, da Alemanha e de Portugal a intensificar as negociações, nesta sexta-feira. O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, suspendeu suas férias e anunciou reuniões com a equipe de governo.As articulações aumentaram após as autoridades chinesas e japonesas apelarem por uma cooperação global em decorrência das quedas das principais bolsas de valores no mundo. As conversas se intensificaram no momento em que os principais mercados financeiros europeus voltaram a abrir em queda nesta manhã.
A queda das bolsas de valores na Europa seguiram a tendência do que ocorria nas bolsas asiáticas ao longo do dia e na véspera, nos Estados Unidos. No início do último pregão desta semana, os principais índices das bolsas de Londres (Grã-Bretanha) e Frankfurt (Alemanha) registraram perdas de cerca de 3%, enquanto na França a queda chegou a quase 2%.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e Zapatero conversaram sobre o assunto por telefone. A solução para a crise financeira da zona euro tem de ser global, segundo o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn.
– A crise atual tem uma dimensão e ramificações globais com os potenciais riscos de contaminação para além das fronteiras europeias – disse Rehn, defendendo como sendo de suma “importância crítica” a articulação entre as instituições europeias e as demais internacionais.
Fuga em massa
O agravamento da crise no cenário econômico internacional tem causado uma debandada do investidor pessoa física da Bovespa e de outros investimentos ligados ao mercado acionário, como os fundos de ações e multimercados. Em julho, os resgates superaram as aplicações em R$ 451 milhões nos fundos de ações, segundo os dados mais recentes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), com base no período até a última sexta-feira de julho.
A fuga se apresenta mais intensa nos fundos multimercados, que aplicam em renda fixa e variável (como ações). Depois de terem perdido mais de R$ 14 bilhões em maio e em junho, no mês passado, os resgates superaram as aplicações em R$ 4,26 bilhões. E os saques continuam neste mês. Segundo a Folha apurou, a diferença entre aplicações e resgates ficou negativa em mais de R$ 1 bilhão em somente dois dias (entre segunda e terça-feira).
A saída das pessoas físicas da Bolsa e de investimentos ligados a ações é tão intensa que acabou sendo determinante para a forte queda de 10% do Ibovespa, o principal índice da Bolsa, nesta semana, provocando o chamado “efeito dominó” no mercado. Na véspera, a Bolsa caiu 5,72%. No ano, a queda é de 23,8%. Diante do fraco desempenho dos últimos meses e da deterioração das perspectivas para as economias dos EUA e da Europa, os investidores vêm pedindo o resgate de suas aplicações, forçando baixas e provocando sentimento de pânico, que estimula novos saques e quedas.
– Para pagar o resgate do cotista, fundos e bancos precisam fazer caixa. E, para fazer caixa, precisam vender ações a qualquer preço. Nesses momentos, muita gente se apavora, vende e perde dinheiro – constatou Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, em conversa com jornalistas, nesta manhã. Na saída da Bolsa, o destino da maior parte dos investidores é a renda fixa. Em julho, as captações dos fundos de renda fixa e DI somaram R$ 3,82 bilhões, segundo a Anbima.
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