Economia & Negócios
| N° Edição: 2221
| 01.Jun.12 - 21:00
| Atualizado em 09.Jun.12 - 12:59
Investimento estatal salva até os ricos
Crise coloca em xeque o liberalismo econômico e mostra o Estado como o principal indutor do crescimento nos EUA e na Europa
Por Fabíola PerezFARTURA
Reunião do G8 nos Estados Unidos: os ricos
nunca precisaram tanto dos recursos públicos
Mais do que dinheiro público despejado pelos governos, o capitalismo de Estado está ancorado principalmente no fortalecimento das empresas estatais. Até pouco tempo atrás sinônimos de incompetência administrativa, as companhias públicas jamais foram tão eficientes. Já há quatro delas (três chinesas e uma japonesa) entre as dez maiores empresas do mundo (em 2005, não havia na lista uma única corporação pública) e, de 2003 a 2010, elas responderam por um terço do investimento direto estrangeiro realizado em países emergentes. No campo da inovação, termômetro do potencial de negócios futuros das empresas, as estatais começaram, pela primeira vez na história, a superar as empresas públicas. Nos Estados Unidos, segundo relatório do próprio governo, as estatais inovam tanto quanto as melhores empresas privadas. Vale lembrar, o país é o berço de gigantes como Apple, Google e Facebook, campeãs no quesito inovação. No Brasil, estudo do IBGE mostra que as estatais já são mais inovadoras do que as privadas. Segundo a pesquisa, a taxa de inovação das companhias estatais é de 68%, quase o dobro do índice observado no setor público.
Embora o investimento do Estado tenha ajudado a blindar a crise nos países ricos, agora o desafio dessas potências é eliminar os riscos à economia que essas intervenções mais cedo ou mais tarde possam trazer. Em outras palavras: as nações e suas empresas precisam aprender a sobreviver sem consumir em excesso recursos públicos. Na Espanha, por exemplo, o descontrole orçamentário do governo contribuiu para o recrudescimento da crise – e para a situação de calamidade que tem feito o PIB encolher. Outro problema é a possibilidade de o capitalismo de Estado funcionar muito bem em algumas áreas e mal em outras. “É mais interessante ter o Estado como indutor da economia em setores como infraestrutura e tecnologia”, diz o economista Paulo Sérgio Gala. Para o professor Musacchio, da Harvard School, o ideal é um equilíbrio de forças. “O Estado pode entrar como um acionista minoritário, como ocorre no Brasil, mas a gestão deve sempre ser privada.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário