A direita em crise

A direita em crise

6 de novembro de 2010

Uma das conclusões mais claras das eleições deste ano é a de que a direita brasileira está mergulhada em uma crise que só tende a se aprofundar.
O mais inequívoco sinal de crise é o fato de que a direita nacional, remanescente da ditadura militar hoje é apenas uma sombra, um restolho, que é obrigada a se apoiar inteiramente sobre um único partido, o PSDB, que foi formado originalmente como uma espécie de oposição a esses partidos, constituído de intelectuais “progressistas”, sociólogos etc.
A crise do regime político leva a população cada vez mais à esquerda, esfacelando os partidos mais direitistas e obrigando a burguesia a colocar no lugar desses uma improvisação, como ocorreu com o PSDB.
Assim, antigos militantes estudantis que de alguma forma se colocaram contra a ditadura, como José Serra e Fernando Henrique Cardoso, servem agora de testa de ferro para os mesmos que foram responsáveis por esse regime monstruoso.
Isso, além da corrupção moral desses elementos, demonstra principalmente a fraqueza e decadência desse setor, que não se sustenta mais sobre as próprias pernas.
Se a direita do regime militar se apóia no PSDB, a “oposição”, o PMDB, se apóia no PT, o que é mais uma comprovação da mesma crise.
Nas últimas eleições, a direita elegeu 10 governadores, sendo oito do PSDB. O DEM elegeu apenas dois, confirmando-se um partido em franca decadência, para não mencionar outros, como o PP, de Paulo Maluf, e o PTB, que também abriga uma quantidade enorme de ex-policiais e torturadores da ditadura.
Esse fenômeno não ocorre apenas no Brasil. Em todos os países, são exatamente os direitistas “éticos”, “democráticos” ou levemente “progressistas” os que estão levando à frente a política selvagem do imperialismo, e que se apresentam como alternativa à esquerda “corrupta”, “ditatorial” e aparentemente “retrógrada”, pois, como no caso do Brasil, está associada aos setores mais detestáveis da política nacional, como Collor e Sarney.
As expressões devem ser colocadas em aspa porque são todas impressões falsas que a imprensa capitalista, totalmente a serviço do imperialismo, procura passar. O imperialismo substituiu, ao menos momentaneamente, os cachorros loucos das ditaduras militares pelos bons moços da política.
Mas, ao menos no Brasil, essa política não conseguiu uma recuperação da direita e a vitória de Dilma coloca um grave problema: a direita do bloco PSDB-DEM corre o risco de passar longos 20 anos longe do poder. Esse fato tende a aprofundar ainda mais a crise e indica que deve haver um acirramento nas lutas dos trabalhadores no próximo período.