sábado, 11 de setembro de 2010

Hamilton Assis - candidato a vice-presidente da República pelo PSOL e líder do movimento negro

Eleições 2010

Vice de Plínio Arruda prega idéias socialistas para vencer desigualdade social

O militante do movimento negro, Hamilton Assis, vice do presidenciável do Psol fez corpo a corpo em Vitória
Por Priscila Bueker(pbueker@eshoje.com.br).
Na reta final para o primeiro turno das eleições 2010, a divulgação dos projetos de governo dos partidos e a aproximação dos candidatos com o eleitor tornam-se fundamentais na conquista de votos decisivos. Para levar ao conhecimento do cidadão capixaba  propostas de cunho socialista, tais como distribuição de renda igualitária e execução de reformas sociais, o Partido Socialista e Liberdade (PSOL) trouxe nesta sexta-feira (10), o vice na chapa do presidenciável, Plínio de Arruda Sampaio, o militante social e professor, Hamilton Assis.
Por volta de 12h, o vice socialista fez corpo a corpo ns ruas da Vila Rubim, no Centro de Vitória. O discurso de Assis, que é militante do movimento negro baiano, se destacou por propostas que beneficie as classes menos favorecidas e os atores sociais como os negros e índios. De acordo com ele, o local foi escolhido no Estado por ser representação do comércio popular e de simbologia do contraste capitalistas, sistema de governo cujas desigualdades sociais são combatidas no projeto do Psol.
"Aqui há muitas mulheres trabalhando, por exemplo. Escolhemos para valorizar o eleitor que queremos atingir. Pois este mercado é um lugar que simboliza o contraste, onde se gera riqueza, mas o trabalhador enfrenta o problema da falta de assistência e proteção social. O que falta no atual governo são investimentos nas áreas sociais, pois a geração de empregos é limitada. O governo ainda gasta grande parte do orçamento com pagamento da dívida pública. Nossa proposta é mudar este quadro com verdadeiras políticas que ataquem as causas da pobreza", explica Assis.
De acordo com ele, "a Reforma Agrária é uma solução para os grandes centros".  O professor defendeu uma ampla reforma tributária com a instituição do imposto progressivo e a suspensão do pagamento da dívida externa. "Hoje temos mais de R$1 trilhão de dívida pública. É preciso fazer a auditoria nessa dívida e só pagar o que for justo. São medidas que dão conta de instaurar outro processo de desenvolvimento no nosso país. Queremos o limite de mil hectares da propriedade rural no campo. Para que a Reforma Agrária tenha êxito ela tem de ser feita em terras produtivas e agricultáveis", ponderou.
Apesar de ser não ser conhecido do grande público, Assis revela que não está preocupado com os adversários. Pois, o momento é de tornar conhecido o projeto revolucionário do partido e suas idéias pela população. Além das reformas sociais, a luta pela igualdade e inclusão racial também faz parte das bandeiras que o professor defendeu na visita à capital capixaba.
"Meu papel, de certa forma, é tirar a invisibilidade, retirar a questão racial do papel coadjuvante. Representamos uma opção pela igualdade, para que a presença dos setores majoritários da população passe a ter visibilidade maior. Quando você fala de luta, de enfrentamento de classe não se pode ignorar a contribuição indígena e do povo negro. A luta começou com a resistência indígena que já tem mais de 500 anos. Ela não começa com o modelo eurocêntrico. A história do nosso povo é uma história de lutas, de enfrentamentos. Ignorar isso é fazer um erro de leitura. É preciso considerar as lutas de resistência", ressalta.
Novo Projeto Político. Mesmo reconhecendo alguns avanços da atual gestão, Assis destacou que, na sua opinião, o erro da gestão Lula foi privilegiar alianças conservadoras no jogo político. O que teria engessado políticas reais de inclusão social, como a efetivação das reformas. Para o professor, os candidatos Dilma Roussef (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) apresentam a continuidade de uma mesma política dentro de sua lógica.
"Não há espaço nessa lógica para o protagonismo de negros e mulheres. Na sua lógica não há propostas nem solução para a escola pública destruída, a saúde que não consegue oferecer condições de acesso. São propostas que reproduzem a desigualdade. Todos os meus votos foram no PT. Nós consideramos o PSOL, uma insurgência de quem não aceitou a acomodação do Partido a ordem dominante. Todas as medidas que defendemos para enfrentar as contradições tem caráter anti-capitalista, anti-imperalista e anti-latifundiárias. O Plínio tem uma trajetória irretocável. Nós somos uma alternativa diferente", revela o militante social.
Por último, o candidato revela suas expectativas para o pleito do próximo mês de outubro, enfatizando o projeto socialista de fazer um governo em conjunto com os movimentos sociais populares. "Que a classe trabalhadora, o povo negro, os explorados consigam entender a nossa mensagem e aproveitem dessa energia para construir um processo de afirmação de um novo protagonismo dos Movimentos Sociais. Nós temos de dizer que a única solução para construir uma outra alternativa é a luta e união de todos nós", finalizou.
Além do corpo a corpo, Assis gravou programas para rádio e televisão e fez panfletagem em Vitória. Por volta das 20h desta sexta (10), a visita encerrou-se com um Ato Político no Comitê localizado na Rua Duarte Lemos, também na Vila Rubim.
 
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Quem é Hamilton Assis. Nasceu em Salvador, Hamilton Assis tem 47 anos, é pedagogo e professor da rede municipal da cidade. Além disso, é coordenador do Movimento Negro Nacional Círculo Palmarino. Ele, que já foi dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) entre 1993 e 1996, começou sua trajetória no Partido dos Trabalhadores (PT) e ficou por 23 anos. Do qual se desfiliou em 2005 para construir, segundo ele, "um projeto da nova alternativa socialista e libertária que é o PSOL".

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