Dinheiro público aos capitalistas
Direção dos Correios distribui bilhões aos banqueiros
Direção dos Correios distribui bilhões aos banqueiros
Nova licitação para operação do Banco Postal deve gerar pelo menos R$ 2,5 bilhões para os banqueiros em cinco anos
16 de fevereiro de 2011
16 de fevereiro de 2011
O contrato entre a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e o Bradesco para prestar serviços no Banco Postal dos Correios termina em dezembro deste ano. Mesmo assim, a imprensa capitalista já está anunciando a disputa pela nova licitação como o “negócio” do ano.
Isso não à toa. Os banqueiros que ganharem a licitação, que segundo o presidente dos Correios deve ficar pronta em julho, terão no mínimo cinco anos para faturar bilhões utilizando toda a estrutura dos Correios. Para se ter uma idéia, desde 2001, quando o Bradesco iniciou a exploração, com exclusividade, do serviço de correspondente bancário oferecido nas agências dos Correios de todo o País, foram abertas mais de 10 milhões de contas.
Somente com esse número já é possível ter uma idéia do dinheiro envolvido na transação. O valor da concorrência para a nova licitação para operar o Banco Postal deve ficar em no mínimo R$ 1,75 bilhão.
O alto valor, no entanto, não chega perto do faturamento gerado pelo Banco Postal. Somente com a tarifa de manutenção dos correntistas, o Banco Postal faturou R$ 845 milhões, em 2010, isso sem contar os lucros de outros serviços, que não são poucos.
O faturamento do Banco Postal revela o esquema de distribuição de dinheiro fácil para os banqueiros. Dos R$ 845 milhões anuais, os Correios ficaram apenas com R$ 350 milhões em 2010, ou seja, menos da metade. Os valores ficam mais escandalosos se se levar em conta que o Bradesco praticamente não tem gastos para operar o Banco Postal. Toda a estrutura física das agências é dos Correios, assim como a mão-de-obra.
O banco que “desembolsar” os quase R$ 2 bilhões previstos para a licitação fará um grande negócio. Se o faturamento anual dos próximos cinco anos se mantiver em R$ 845 milhões, subtraindo o que deve levar a ECT, o banco deve faturar R$ 495 milhões por ano. Até o final do contrato, em cinco anos, o banco vai faturar R$ 2,475 bilhões. Isso sem contar que os lucros tendem a aumentar na medida em que aumentam as tarifas dos correntistas e o número de contas abertas deve aumentar.
O Banco Postal é um grande negócio para os banqueiros. Os candidatos ao contrato bilionário são, além do próprio Bradesco, o Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Santander.
Para a população brasileira e para os trabalhadores dos Correios, o esquema do Banco Postal não é nenhuma vantagem. O contrato com os banqueiros é a entrega de bilhões de dinheiro público para os capitalistas, uma privatização disfarçada, mas nem tanto. A direção da ECT está distribuindo o dinheiro da população aos banqueiros.
O contrato com o Bradesco foi alvo inclusive da CPI dos Correios em 2005 e da Controladoria geral da União e foi apontado, nos dois casos, favorecimento irregular do banco.
Os trabalhadores dos Correios não ganham nada mais com isso. Pelo contrário, os atendentes comerciais tiveram seus serviços dobrados desde que foi estabelecido o Banco Postal. Além do serviço normal de um atendente comercial dos Correios, os funcionários têm que fazer o serviço de bancário, com todas as implicações e riscos, sem receber nada a mais por isso. Mais ainda, enquanto a direção da ECT distribui bilhões aos banqueiros e empresários, como é o caso das ACFs (Agências de Correios Franqueadas), os trabalhadores sofrem com o excesso de trabalho e passaram todo o ano de 2010 sem aumento salarial graças ao acordo bianual, resultado da traição da burocracia sindical do PT e do PCdoB aliada da direção dos Correios e do governo.
A política de distribuição de dinheiro aos banqueiros e capitalistas em geral será aprofundada com o governo Dilma Rousseff, como já ficou provado na escolha da nova diretoria dos Correios, com membros ligados diretamente aos bancos, como o próprio presidente Wagner Pinheiro. O novo estatuto da ECT também prevê a institucionalização de empresas subsidiárias e uma série de outras medidas que representam a privatização dos Correios.
Contra esses ataques, os trabalhadores devem organizar uma resposta enérgica, como a ocupação dos prédios da empresa e uma greve geral da categoria.
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