Direção da ECT anuncia criação de concessionárias
Uma política de privatização e favorecimento dos empresários “amigos” do governo
Uma política de privatização e favorecimento dos empresários “amigos” do governo
Em reunião com representantes dos trabalhadores diretoria da empresa se recusa a revelar proposta de novo estatuto com mudanças no funcionamento da empresa e anuncia criação de concessionárias
30 de janeiro de 2011
30 de janeiro de 2011
Estiveram presentes na reunião a diretoria empossada pelo governo Dilma Roussef: o presidente da ECT, Wagner Pinheiro; o Diretor de Operações, José Eduardo Xavier, militar reformado; o diretor de administração, Nelson Luis Oliveira de Freitas; o diretor econômico-financeiro, Luis Mário Lepka, administrador de carreira do Banco Central. Também estiveram presentes o Diretor Comercial, José Furlan Filho, ex-diretor regional dos Correios em São Paulo; o Diretor de Gestão de Pessoas, Larry Manoel Medeiros de Almeida, ex-diretor regional do Correio no Rio Grande do Sul e o Diretor de Tecnologia e Infraestrutura, Antonio Luiz Fuchino, administrador de carreira do Banco do Brasil.
Estilo petista de administração
Na reunião o presidente da ECT informou que não poderia fornecer cópia da nova proposta de estatutos da ECT, uma vez que teria que consultar o departamento jurídico da empresa apesar da reiterada afirmação de que o mesmo já foi aprovado dentro da empresa e que, neste momento, tramita em esferas superiores do governo, para aprovação definitiva.
Apesar do discurso petista de que iriam governar junto com os trabalhadores, com transparência e participação dos movimentos sociais, o estatuto da ECT que irá alterar condições de trabalho mantidas durante mais de meio século foi alterado sem nenhuma discussão com a categoria, nem com os próprios cabos eleitorais do PT, que comandam boa parte dos sindicatos dos Correios, e por receio de iniciativas políticas e jurídicas por parte da categoria, tal documento é escondido e sequer oficializado para os trabalhadores.
A criação das chamadas subsidiárias ou concessionárias é uma política aberta de privatização da empresa e demissão da esmagadora maioria dos atuais 110 mil trabalhadores, trocando-os por trabalhadores terceirizados contratados por empresas privadas ou pela própria ECT, como ocorre na Petrobrás.
Uma política de privatização
Wagner Pinheiro adiantou que o novo estatuto permite à ECT criar empresas subsidiárias e participar como acionista minoritária em empresas privadas, repassando tanto para as subsidiárias, quanto para as empresas privadas parte da atividade fim da empresa e, obviamente, os recursos, alem de parte do mercado atualmente monopolizado pelo Estado. Um negócio da China para a iniciativa privada.
No caso da própria ECT fica permitido que cargos de direção e de chefia (os chamados cargos de gestão) possam ser ocupados por pessoas que não pertençam aos quadros da empresa, legalizando o cabide de empregos dentro dos Correios e a administração da estatal com base em interesses exteriores aos dos seus funcionários.
Não por acaso a nova direção empossada pelo governo conta com administradores que fizeram carreira no mercado financeiro. O próprio presidente da empresa tem sua trajetória vinculada ao chamado “grupo dos bancários de São Paulo”, os quais se notabilizaram pelas relações com os banqueiros através dos fundos de pensão e de negócios no governo petista, um dos expoentes desse grupo é o ministro Antonio Pallocci.
O atual presidente da ECT foi funcionário do Banespa e administrador da Petros, fundo de pensão dos petroleiros. Outros dois diretores são oriundos da administração do Banco Central e do Banco do Brasil. Evidente que a definição de pessoas do setor financeiro para gerir a ECT acompanha a política utilizada no setor financeiro de terceirização dos serviços em larguíssima escala, bem como cortes de direitos e rebaixamento salarial da ínfima parcela de funcionários que permanecerem efetivos e concursados.
O cinismo de sempre
Ao final da reunião, membros da Federação Nacional dos Trabalhadores do Correio, fizeram questionamentos sobre o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados dos Trabalhadores, a PLR. Um dos diretores da empresa, sem nenhum constrangimento, declarou que se não houver acordo entre as partes na negociação da PLR, não haverá pagamento deste direito dos trabalhadores em 2011, “pois os trabalhadores precisam cumprir a lei que obriga o acordo entre as partes para pagamento da PLR”, uma declaração, no mínimo, de marciano, pois falar em cumprir a lei, por membro da direção da ECT é falar de corda em casa de enforcado.
Durante todo o ano de 2010 a direção da empresa foi garota propaganda de casos corrupção, desvio de dinheiro público, sucateamento de patrimônio público e diretorias derrubadas por favorecimento a empresas privadas e grupos políticos no governo.
Nem falar do escândalo “menor” envolvendo a administração da empresa no ano passado, por receberem PLR de mais de R$ 40 mil, enquanto os trabalhadores amargavam valores irrisórios.
Os planos do governo Dilma Rousseff para a ECT (que se estruturaram durante o governo Lula) são: terminar e legalizar a privatização da ECT, com a terceirização em larga escala e um ataque sem precedentes aos direitos dos trabalhadores.
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