domingo, 15 de fevereiro de 2009
A lenda do jogo de xadrez
Willian Conde
A criação do jogo de xadrez é muito discutida, inúmeras hipóteses podem ser aceitas, mas a famosa lenda narrada por Beremiz Samir, o homem que calculava*, é bastante curiosa: Em uma época não muito precisa viveu e reinou na Índia um rico e generoso rei chamado Jadava.
Durante uma guerra o generoso monarca perde seu filho, o príncipe Adjamir, e a partir deste fato se encerra em seus aposentos e só aparece para atender aos ministros e sábios, quando algum problema nacional o chamava a decidir.
Após tantos dias angustiado, o rei é informado de que jovem sábio, pobre e modesto, solicitava sua audiência havia algum tempo. Como estivesse com boa disposição atendeu ao jovem. Seu nome era Lahur Sessa (nome do inventor do xadrez, significa natural de Lahur). Ele apresenta ao rei sua invenção, um grande tabuleiro quadrado, dividido em 64 casas iguais; sobre esse tabuleiro colocavam-se 2 coleções de peças distinguidas pelas cores brancas e pretas e curiosas regras que lhe permitiam movimentar-se de várias formas.
Sessa explicou o jogo pacientemente ao rei e aos que o rodiavam. O monarca aprendeu rápido e após várias partidas ganhas o rei agradece ao jovem e tenta lhe recompensar pelo presente. Sessa permanece imperturbável e diz que não deseja nenhuma recompensa, queria apenas proporcionar momentos agradáveis ao soberano. O rei não crendo na sinceridade de Sessa insiste que ele escolha uma recompensa tão valiosa quanto o jogo de xadrez; diante de tal insistência, o jovem pede-lhe o pagamento em grãos de trigo, 1 grão de trigo pela 1ª casa do tabuleiro, 2 pela segunda, 4 pela terceira, 8 pela quarta, até a 64ª casa do tabuleiro, formando assim uma progressão geométrica. Todos riram do estranho pedido, pois Sessa poderia pedir tesouros e palácios.
O rei chama o jovem de insensato e diz que com 2 ou três medidas de trigo pagaria facilmente o pedido. Mandou chamar os algebristas mais hábeis da corte e ordenou-lhes que calculassem a porção de trigo. Obtiveram um número cuja grandeza era inconcebível para a imaginação humana. A medida de trigo equivalia a uma montanha 100 vezes mais alta que o Himalaia e se a Índia semeasse todos os seus campos, não produziria em 2000 séculos a quantidade de trigo prometida pelo rei.
Sessa não querendo deixar o rei constrangido perante os seus súditos, abre mão do seu pedido e acrescenta: Os homens mais avisados iludem-se não só diante da aparência enganadora dos números, mas também com a falsa modéstia dos ambiciosos.
Infeliz daquele que toma sobre os seus ombros o compromisso de uma vida dividida cuja grandeza não pode avaliar. Mais avisado é o que muito pondera e pouco promete.
* Do livro "O Homem que Calculava" de Malba Tahan.
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