A tentativa fracassada da direita de polarizar as eleições
Declarações do vice de Serra contra a candidatura do PT são retiradas do sítio do PSDB
19 de julho de 2010
Mais um acontecimento nesta semana expôs a crise da candidatura do PSDB nas eleições.19 de julho de 2010
O candidato à vice-presidência de José Serra, o deputado Indio da Costa (DEM-RJ), em entrevista ao portal "Mobiliza PSDB" fez uma série de declarações contra a candidatura de Dilma Rousseff (PT).
Indio, entre outras acusações, afirmou que o PT seria ligado às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Todo mundo sabe que o PT é ligado às FARC, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso"
Indio da Costa ainda acusou Dilma Rousseff de estar preparando uma “radicalização” em seu governo.
"Quem nos garante que no dia seguinte à eleição ela não vai fazer o que no Brasil é comum entre criatura e criador? Dá um chute no Lula e vai governar sozinha, com as garras do PT por trás dela."
"Em janeiro, se a Dilma é eleita, o Lula volta para casa. Mas o PT fica com todos aqueles mensaleiros. O Lula tem poder sobre eles, mas eles têm muito poder sobre a Dilma"
Em outras declarações na página do Twitter, sítio de relacionamentos na internet, Indio acusou Dilma de "ateia" e chamou-a de "esfinge do pau oco".
Depois das acusações do candidato do DEM, as declarações que haviam sido feitas em entrevista ao vivo pelo portal tucano, foram retiradas do ar.
Indio da Costa não possui qualquer destaque na página organizada pelo PSDB a não ser uma menção de sua candidatura do último dia 2.
O acontecimento, que poderia parecer apenas falta de habilidade política de um parlamentar secundário indicado pelo DEM, verdadeiro testa-de-ferro dos caciques do partido, é resultado de uma crise geral do bloco da direita.
O fato de as colocações do candidato do DEM terem sido retiradas do sítio do PSDB, mostra que a ala direita da burguesia é incapaz de sustentar a política de uma ala mais à direita em seu bloco.
As declarações de Indio da Costa são típicas de uma extrema direita, que tem equivalentes na direita internacional, como em governos pró-imperialistas da América Latina (Colômbia, Peru, etc) e de setores direitistas nacionais como os ruralistas, que acusaram recentemente organizações da luta pela terra no Brasil de ligações às FARC.
O fato só reforça a incapacidade de a direita defender-se ideologicamente e, portanto, de polarizar a disputa política eleitoral.
A crise da candidatura da direita já havia ficado clara em diversos episódios, dentre eles a própria indicação do deputado do DEM à vice, depois da derrota dentro do PSDB da proposta do lançamento de uma chapa puro-sangue, composta por um vice peessedebista, com prioridade para o atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
Depois de Neves recusar a posição de vice para poder concorrer a algum cargo nas eleições, ficou claro que não há expectativas dentro do próprio partido de Serra em uma vitória eleitoral.
A candidatura de Indio da Costa, em acordo com o DEM ocorreu a “contra-gosto” depois da ameaça de um rompimento do bloco da direita nas eleições, o que iria acelerar ainda mais a crise destes partidos.
A direita luta muito mais para manter-se como bloco nas eleições que para polarizar as eleições a fim de conseguir resultados imediatos, como uma vitória nas eleições.
Estas eleições, antes mesmo da fase decisiva da disputa e do início da campanha televisiva, que terá início em um mês, já mostra o processo de falência que a direita sofre como organização política no País.
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