Um dos slogans da administração Eduardo Braga/Omar Aziz diz que o Amazonas está sendo preparado para o futuro. Não dizem, porém, que se trata de um futuro incerto e sombrio. Falo isso depois de analisar os índices de crescimento dos municípios da Região Norte nos últimos anos. Vangloriam-se de que Manaus ostenta não apenas o maior PIB do Norte, mas também um dos maiores do país. Com base nos números do IBGE de 2007, constatamos que o PIB de Manaus é duas vezes e meia maior que o de Belém, capital do Pará, que aparece em 2º lugar no ranking regional. Mas apesar disso, no ranking do PIB dos estados, o Pará aparece duas posições a frente do Amazonas, que ocupa apenas a 16ª colocação, logo acima do Maranhão, que ocupa a 17ª e que, como todos sabem, é um dos estados mais pobres da federação.
A renda anual percapita dos maranhenses, ou seja, o valor resultante da divisão, por igual, de toda a riqueza gerada entre seus habitantes, no ano de 2007, ficou em R$ 5.165,00, ou melhor, em cerca de R$ 430,00 mensais. Dividindo-se o PIB de Manaus do mesmo ano entre seus habitantes, que superou a marca dos 34 bilhões, cada um embolsaria a cifra de R$ 20.939,14, ou seja, R$ 1.744,00 por mês. Os números, à primeira vista impressionam, mas, como bem sabemos, a renda percapita pouco nos diz acerca da efetiva distribuição de renda numa dada economia, visto que é comum encontrarmos grande miséria nos núcleos de maior desenvolvimento posto que, na lógica capitalista, a concentração de riquezas é uma regra que orienta o funcionamento do sistema como um todo. Apesar disso, entretanto, o PIB e a renda percapita não deixam de ser dados importantes na análise do grau de acerto ou equívoco das políticas públicas adotadas no campo econômico. Se na análise estados VS estados o Amazonas já não aparece muito bem, a nossa realidade fica catastrófica quando comparamos a realidade do nosso interior com a dos interiores dos demais estados. Em 2007, Manaus concentrava 81,8% de toda a nossa riqueza, enquanto os 61 municípios do nosso interior, juntos, ficaram com apenas 18,2% do total, ou seja, 7,6 bilhões. No ranking dos interiores caímos para a 24ª posição, logo atrás do interior do Piauí que, apesar da seca e de todas as suas dificuldades, gerou um PIB ligeiramente superior ao nosso. Só não ficamos em último lugar porque Acre, Amapá e Roraima são estados de ocupação bem mais recente e tem uma população, conforme o caso, cinco a dez vezes menor que a nossa. Pelos dados levantados é inequívoca a condição de Manaus como uma ilha de crescimento cercada por um mar de estagnação econômica. Sem Manaus, ou melhor, sem o Pólo Industrial que alavanca os números de nossa economia, o Amazonas se tornaria, rapidamente, num grande deserto humano. Isso significa dizer que nos encontramos reféns desse modelo que foi implantado durante a Ditadura Militar. Esse modelo, entretanto, não foi concebido para ser um fim em si mesmo, mas sim para ser um elemento indutor de desenvolvimento para o restante do estado. Nossa elite, entretanto, por ter, obviamente, interesses particulares dentro do PIM, ignora a realidade incerta e sombria de nossa economia que, a qualquer momento, pode ter um abalo ainda maior do que aquele sofrido com o colapso da borracha no início do século passado. É um absurdo inconcebível que um estado inserido na maior bacia hidrográfica do mundo tenha um setor pesqueiro que representa, pasmem, pouco mais de 1% do seu PIB. Éramos para estar exportando pescado para o mundo inteiro se tivéssemos governos verdadeiramente sérios e preocupados com o futuro de nosso povo. É um absurdo igualmente inconcebível que, num estado carente como o nosso, tenhamos de gastar grande parte de nossas economias com a importação de alimentos. Possuímos as várzeas mais férteis do mundo, mas importamos a maior parte da farinha que consumimos diariamente, inclusive goma de tapioca. Dos itens que compõem a cesta básica do trabalhador, não temos auto-suficiência em nenhum. De que adianta gerar muita renda na capital se essa renda vai, na sua quase totalidade, para fora do estado. O PIM só se formou e se mantém graças aos incentivos fiscais concedidos às empresas ali instaladas, o que obriga constantes prorrogações legais do tempo limite de isenção. Com a última, os incentivos fiscais foram prorrogados até 2033. A elite e os políticos que lhe representam fizeram muita festa e badalação. Eles podem fazer festa, pois, caso o Amazonas afunde no vendaval de uma crise econômica global, tem dinheiro acumulado para gozar o melhor da vida num outro lugar. Pergunto: e o restante do povo, como irá se virar? Respondo: precisa eleger um governante do povo que possa encaminhar este estado para um futuro tranqüilo e promissor e não para esse incerto e sombrio que a elite local preparou.
Nós do PSOL somo de fato o contraponto das duas candidaturas oficiais que estão aí porque queremos ter a oportunidade de dar uma direção correta para o Amazonas. Não temos dúvida de que ambas irão manter e aprofundar o encaminhamento de nosso estado na direção desse futuro incerto e sombrio de que falamos. Por isso pedimos o seu apoio. Pedimos o voto no 50. Pedimos também que divulgue esse email para as pessoas de seu círculo de amizade. Temos de difundir essa análise para o maior número possível de pessoas, porque, infelizmente, essa questão é muito pouco discutida e é quase um tabu. É preciso despertar o nosso povo para a seriedade do problema que estamos levantando. Analise a fala dos candidatos e busque perceber com quem eles estabeleceram compromisso. De nossa parte, não tenha dúvida, nosso compromisso é com o interesse da maioria.
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