sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Os pecados e as opções de Plínio, Serra e Marina

terça-feira, 24 de agosto de 2010 Os pecados e as opções de Plínio, Serra eMarina.http://edupiza.blogspot.com/2010/08/os-pecados-e-as-opcoes-de-plinio-serra.html
Plínio diz que homossexualidade é pecado, um erro.
Uma das minhas grandes diferenças com algumas pessoas de igrejas e religiões é que elas têm a viva arrogância e firme convicção de chamar para si o papelquase que exclusivo de intermediação e de interpretação das palavras,pensamentos e até sentimentos de Deus, não admitindo concorrência nestemercado, que não tem crise de clientes. Não é a toa que o papa é chamado de pontífice, pois ele faria a ponte entreos Homens e Deus. Assim, também, nas revelações divinas recebidaspor bispos, pastores, apóstolos e outros "*escolhidos*", há sempre umasituação cômoda de privilégio daquele "*intermediário*". Ele é quem sempredá a última palavra: Deus disse isto, Deus quer aquilo, Deus não gostadaquiloutro, ainda que tudo seja fruto da sua imaginação, tão somente.Afinal, quem tem coragem de contestar a vontade ou a palavra de Deus?
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 Daí, o charlatanismo, a safadeza e o enriquecimento ilícito à custa da boafé do povo ficam tão perto, e não se pode, e nem se consegue, separar o joiodo trigo. Os intérpretes de Deus, ou os seus representantes naterra, escolhidos e iluminados, usam e abusam sexualmente de crianças,protegidos pela cumplicidade criminosa e episcopal. Estelionato, bíbliasrecheadas de dólares nas alfândegas, e até lavagem de dinheiro são práticascorriqueiras neste mundo que ignora Deus, mas fatura alto usando seu santonome, em vão. É obvio que não são todos assim. Mas, na hora que se fala de orientaçãosexual, até o trigo vira joio. https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji5S8vqaNK-4osELK67cWEKAXFq2tMjiizQ1_rthD8YuLdvsD_RKtEqVEfFfaerX6h1vM7NhaYSbZwU8w0Ye-KpFqTAI_UIwkIYocUoRL2VbPI-oGm_MWKzWJ45tYSZcylciX6DaFea38/s1600/dizimos.jpg
É por esta razão que não é nada fácil para gays (LGBTs) ter que lutar eafirmar sua individualidade, personalidade, orientação sexual, tendosempre como opositores pessoas que resistem em reconhecer e respeitar osdireitos fundamentais, em especial o da dignidade da pessoa humana. Pessoasque insistem em dizer que a homossexualidade é contra a vontade de Deus, eportanto se constitui em pecado. Nesta luta cotidiana de buscar um lugar ao sol da cidadania e do respeitoaos direitos humanos, para quem se entusiasmou com o beijo gay no programaeleitoral do PSOL, aqui vai um recado que vale a pena levar em conta: ocandidato daquele partido à presidência da República, o católico Plínio deArruda Sampaio considera a homossexualidade *“um pecado, um erro”.* Ele fezessa afirmação durante o debate realizado na segunda-feira à noite,24.08.10, e transmitido pelas emissoras católicas Canção Nova e RedeAparecida. A candidata Marina Silva, do PV, também usou a palavra “*pecado*”ao se referir ao assunto. A petista Dilma Rousseff, que lidera disparada aspesquisas de intenção voto, não compareceu ao debate.
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Um dos entrevistadores quis saber o que os candidatos achavam sobre oprojeto de lei, que está no Congresso, que criminaliza a homofobia. Segundoo entrevistador, que estava ali para defender o ponto de vista das igrejas,o projeto quer “impedir os cristãos de manifestarem o livre pensamento desua religião sobre o assunto”, ou seja a homossexualidade. Usando a expressão *“opção sexual”* para se referir à homossexualidade,Plínio disse que não leu o projeto e respondeu de forma genérica: *"Sou contra qualquer forma de desigualdade e discriminação. Mas, essa partede proibir os cristãos de dizerem o que pensam, dentro da nossa fé, nãoaceito. Eu não aceito que nós cristãos não possamos dizer que isso é umpecado, um erro. Isso é uma coisa. Outra coisa é perseguir, mexer, humilhar.Não se pode humilhar uma pessoa por causa da sua opção sexual.”* O candidato do PSDB, José Serra, que disse também não ter lido o projeto,referiu-se à homossexualidade como *“preferência”* sexual. Eis o que elerespondeu: *“Acredito que a questão da preferência sexual não pode ser objeto dediscriminação, perseguição, humilhação, como disse o Plínio. Que asreligiões tenham determinados princípios, crenças em relação a essa questãoé perfeitamente normal, compreensível. Eles têm o direito de considerar quedentro de sua igreja deve-se pregar contra o homossexualismo, contra coisasque correspondem à sua fé, sua interpretação da fé. Não li o projeto. Aminha preocupação é saber onde começa e até onde chega. Ele não pode proibiruma manifestação dentro de uma igreja.”*
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Mais adiante Serra acrescentou: *“No Brasil tem até esquadrões para matartorturar, ou simplesmente agredir pessoas que tem preferências sexuais porquem é do mesmo sexo. É uma barbaridade. Isso é crime. Que uma religião nãoaceite a idéia do homossexualismo, que considere que deve pregar contra essaprática para seus fiéis é uma coisa, outra é a questão social que estáenvolvida, a questão da discriminação e até da violência.”*
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A candidata do PV, que é evangélica, não foi indagada diretamente sobre otema. Mas procurou abordá-lo em outro momento, quando falava sobre asatanização que ocorre nos debates sobre aborto, homossexualidade e outrostemas ligados a fé e comportamento. Ela disse: *“Jesus sempre tinha umaforma de tratar com esses temas. Ele dizia: ‘vocês dizem que é assim eassado do ponto de vista religioso, eu, porém vos digo...’ Fico pensandoqual seria o ‘eu, porém, vos* *digo’, em relação aos homossexuais. Asigrejas tem o direito de se posicionarem, dizendo o que é pecado. Noentanto, temos que ter um olhar de respeito. Ninguém pode exigir como parteda sua preleção o direito de humilhar e discriminar quem quer que seja e eusei que não é isso que os padres e pastores estão reivindicando.”* Não sei aí quem é pior, se são os intérpretes de Deus, ou os candidatosPlínio, Serra e Marina. Não é implicância minha, mas faltou alguém falar nodebate sobre direitos civis, direitos humanos, pois os discursos pautaram-sesempre na idéia de tratar os LGBT como *"coitadinhos deles".* *"O que elesfazem, por OPÇÃO própria, é pecado. Mas, como nós somos "escolhidos" (e aípode ser escolhido por Deus ou pelo voto), não vamos deixar que batamneles." * Faltou esclarecer que para ser Presidente da República não se pode transigirsobre certos assuntos, como moralidade pública - não roubar, racismo - nãopermitir qualquer discriminação em razão da cor da pele, sexismo - tratarigualmente homens e mulheres e homofobia - não permitir qualquerdiscriminação em razão da orientação sexual, inclusive a divulgação da idéiaque homossexualidade é pecado). Não sou um iluminado, nem escolhido, nem tive qualquer revelação, etempouco vivo de dízimo. Diferentemente das Igrejas, não tenho isençãofiscal. Mas, interpreto e sei bem identificar a homofobia embutida nasperguntas dos "*escolhidos de Deus*" e um compromisso frouxo edesinteressado, assumido pelos três candidatos, com o respeito aos direitoshumanos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transgêneros etransexuais.
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Este debate me ajudou a decidir que não irei votar em nenhum dos três. Elesque fiquem com suas idéias de pecados e de opções. Eu quero para presidentequem tenha idéias e compromissos firmes de direitos humanos, de igualdade,de não descriminação, de não violência e de não preconceito. E que tenhacoragem de dizer isto claramente, em alto e bom tom.

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